Um dos nomes que compõem o grupo das chamadas “Big Four” de auditoria, ao lado da KPMG, EY e PwC, a Deloitte está acostumada a analisar, no detalhe, os números de balanços para atestar ou não a saúde financeira e sugerir caminhos aos seus clientes.
Agora, essa lupa da companhia britânica está voltada para dentro da sua própria casa. Em busca de reduzir os custos e a complexidade da operação, e na trilha da desaceleração do mercado, a empresa está promovendo a sua maior reestruturação em uma década.
De acordo com o jornal britânico Financial Times, a Deloitte vai reduzir de cinco para quatro as divisões que formam hoje a sua organização nesse processo. Os braços de auditoria e assurance, e as áreas fiscal e jurídica, seguirão como unidades independentes.
Já os negócios de consultoria, assessoria financeira e assessoria de risco serão reunidas em duas unidades de negócios recém-criadas. A primeira, de estratégia, risco e transações. E a segunda, de tecnologia e transformação.
A implementação da nova estrutura, que, na prática, põe fim ao modelo adotado desde 2014, foi anunciada na segunda-feira, 18 de março, em e-mail enviado por Joe Ucuzoglu, CEO global da Deloitte, aos sócios da empresa.
Na mensagem, o executivo ressalta que a mudança deve começar a ser colocada em prática em junho e levará um ano para ser concluída nos mais de 150 países em que a empresa tem presença, entre eles, o Brasil. Globalmente, o quadro da companhia é formado por cerca de 455 mil funcionários.
Ucuzoglu também destaca que, ao reduzir a complexidade, a reorganização vai liberar esses profissionais para que eles dediquem mais tempo aos clientes, em vez de ficarem gerindo “pessoas internamente”.
Segundo fontes familiarizadas com a estratégia, a orientação é reduzir custos em toda a empresa. Ainda não foi definido, porém, o valor perseguido com esse redirecionamento. É certo que, nesse movimento, alguns profissionais de ESG serão realocados na unidade de auditoria e assurance.
Em seu último ano fiscal, encerrado em maio de 2023, a Deloitte reportou uma receita global de US$ 64,9 bilhões, o que representou um crescimento de 14,9% sobre o exercício anterior e consolidou a companhia como a maior operação entre as “Big Four”.
Apesar desse crescimento e depois de vários anos de expansão, a Deloitte e seus pares nesse quarteto tem a perspectiva de uma desaceleração à frente, dado que, em função do cenário macroeconômico mais difícil, seus clientes estão justamente cortando custos, o que implica na redução da demanda.
Sob esse contexto, o Financial Times ressalta a projeção feita em um estudo de mercado, que inclui a participação das “Big Four”, de que 2024 será o primeiro ano desde 2020 em setor de consultoria no não irá registrar crescimento no Reino Unido.