O script de uma possível combinação dos negócios entre EMS e Hypera está sendo escrito como o esperado. A EMS fez a proposta pela Hypera, a companhia listada na bolsa deu um sonoro não e os players já estão se movimentando. “Agora começa para valer, os jogadores vão jogar”, diz um gestor a par do deal.
Do lado da EMS, nada mudou. O NeoFeed apurou que o approach tem sido o mesmo de conversar com os acionistas sobre o mérito do negócio. Na terça-feira, 23 de outubro, foi iniciado um road show com acionistas em São Paulo. Hoje, as conversas foram no Rio de Janeiro e amanhã serão fora do Brasil.
“Nada do que está acontecendo é uma surpresa para a EMS”, diz uma fonte que conhece bem os termos do negócio. O interesse e apetite de Carlos Sanchez, o controlador da EMS, continuam os mesmos e todas as tentativas serão feitas para que o negócio saia do papel.
Há uma visão de que o ego de João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, um dos principais acionistas da Hypera, tem falado mais alto. “O Júnior tem 21,4% da empresa e está tentando influenciar os outros acionistas que somam quase 80%, mas vai perguntar para os acionistas se eles estão contentes com o desempenho da Hypera”, comenta um profissional que sabe os detalhes da proposta.
Um fato ainda chama atenção nesse negócio. A EMS não teria sido chamada para abrir seus números e informações para que a Hypera pudesse avaliar. Além de Júnior, os outros acionistas relevantes são a holding mexicana Maiorem – uma forte aliada de Júnior, que conta com 14,7% da Hypera – e a Votorantim, com 5,1%.
Um gestor que tem acompanhado o movimento de perto diz que “Júnior é um cara pragmático e vai brigar pelo melhor preço.” E acrescenta. “Não podemos esquecer que, na última sexta-feira (18 de outubro), a Hypera anunciou ajustes pesados e a ação estava indo ladeira abaixo, só subiu por conta da oferta da EMS.”
Antes de a proposta da EMS ser tornada pública os papéis da Hypera caíam 15%, na B3, na segunda-feira, 21 de outubro. A tendência só foi revertida com a proposta da companhia de Carlos Sanchez. No fim daquele dia, a ação acabaria com alta de 1,91%.
Não é, evidentemente, uma transação fácil de ser concretizada. Envolve dois bilionários com representatividade no setor e os termos de governança terão de ser observados com lupa.
“Mas, se o negócio não sair, as ações da Hypera vão desabar e vai demorar para recuperar”, diz o gestor com o qual o NeoFeed conversou. Uma retomada virá em doses (bem) homeopáticas.