Chairman do Credit Suisse, o executivo Axel Lehmann viveu momentos distintos na manhã de terça-feira, 4 de abril. Primeiro, o executivo que estava no cargo desde janeiro de 2022 pediu desculpas aos acionistas pelos problemas que fizeram com que o banco suíço desabasse e fizesse um acordo para incorporação com o rival UBS. Depois, mesmo após diversos protestos, ele foi reeleito em votação apertada.

Como presidente do Conselho de Administração do Credit Suisse desde janeiro de 2022, Lehmann foi um dos responsáveis por conduzir a operação do banco durante a saída maciça de clientes. Os problemas começaram em outubro do ano passado e atingiram o ápice em março, quando as ações do banco suíço despencaram após o Saudi National Bank descartar financiamentos adicionais à operação.

No dia 4 de abril, Lehmann discursou para mais de 1,7 mil acionistas na primeira reunião anual presencial feita pela instituição financeira após a pandemia. “Peço desculpas por não termos mais conseguido conter a perda de confiança que se acumulou ao longo dos anos. É um dia triste para todos vocês e para nós”, disse.

Após o discurso introdutório de Lehmann, foi a vez de Ulrich Körner também lamentar os problemas na operação nos últimos meses.“Eu entendo que você se sinta desapontado, chocado ou com raiva”, disse Körner. “Compartilho a decepção de vocês, nossos acionistas, mas também compartilho a decepção de todos os nossos funcionários, clientes e, em última análise, do público em geral.”

A dupla, então, foi alvo de uma série de perguntas – e protestos – de acionistas.  Após algumas horas, o banco deu início à votação para determinar se Lehmann e os outros membros do Conselho permaneceriam nos cargos.

O novo Credit Suisse

Mesmo com a frustração dos acionistas, Lehmann e os outros sete executivos que ocupam as cadeiras do Conselho mantiveram seus assentos. Nenhum deles, porém, conseguiu mais do que 56% dos votos. Na votação mais apertada, o executivo Christian Gellerstad, que ocupava um lugar no board há quatro anos, recebeu apenas 50,05% dos votos.

Os acionistas do banco suíço também aprovaram, por uma pequena maioria, a atual política de remuneração para os conselheiros, mas houve rejeição em relação a uma proposta de remuneração fixa para a diretoria executiva.

Os shareholders também trataram de assuntos relacionados à aquisição do banco pelo UBS por US$ 3,25 bilhões. “Depois de 167 anos, o Credit Suisse está desistindo de sua independência”, disse. “Uma história orgulhosa e, às vezes, turbulenta da empresa está chegando ao fim e algo novo está sendo criado.”

Alguns dos acionistas que estavam presentes na reunião defenderam que o UBS deveria contratar um auditor especial para avaliar os eventos que levaram à aquisição do Credit Suisse. Também foi sugerido por um dos acionistas a adoção de código de ética dentro da instituição.

Conforme reportado pelo Financial Times, uma pesquisa de opinião realizada na Suíça aponta que três quartos dos eleitores do país desejam que o novo megabanco tenha sua operação fragmentada.

Vale lembrar que o acordo para a aquisição do Credit Suisse pelo UBS conta com o apoio de autoridades suíças. Entre elas, o Swiss National Bank, que concordou em oferecer uma linha de liquidez de US$ 100 bilhões ao UBS como parte do acordo, conforme reportado anteriormente pelo Financial Times.