Dono da 20ª posição no ranking de bilionários da Bloomberg e segundo homem mais rico da Ásia, Gautam Adani vem acumulando, além do patrimônio, uma série de problemas na esfera da Justiça nos últimos dois anos.
Agora, no mais novo imbróglio envolvendo seu nome, empresas do Adani Group, holding do bilionário, estão sendo investigadas pelo Departamento de Justiça americano sob a acusação de violar sanções impostas pelos Estados Unidos ao Irã.
Segundo o The Wall Street Journal, que trouxe o caso à tona, os promotores americanos estão apurando se companhias do grupo importaram gás liquefeito de petróleo (GLP) iraniano por meio do porto de Mundra, na Índia, administrado pela holding.
O processo envolve a revisão das atividades de diversos navios-tanque de GLP usados para enviar cargas para a Adani Enterprises, um dos negócios da holding, informaram pessoas a par das investigações que estão sendo conduzidas.
Conforme apuração do jornal americano, que se debruçou sobre viagens realizadas entre o porto de Mundra e o Golfo Pérsico desde o início de 2024, há diversas evidências de práticas adotadas normalmente por navios que tentam ocultar suas atividades.
Essas viagens incluem transportes de cargas do grupo que teriam sido ocultadas ou cujas informações foram supostamente adulteradas ou falsificadas. E que incluiriam, entre outras questões, o SMS Bros, um navio que consta da lista de petroleiros suspeitos de transportar petróleo e gás iranianos.
Com o Departamento de Justiça americano em seu encalço, Adani e suas empresas podem ver seus esforços de recuperação relacionados a um outro caso recente envolvendo o grupo nos Estados Unidos irem por água abaixo.
Em novembro de 2024, o bilionário e executivos de empresas do grupo foram acusados por promotores de Nova York de envolvimento em um suposto esquema de suborno, com a promessa de pagar propinas de mais de US$ 250 milhões para garantir contratos de energia solar.
Como parte desse processo, Adani e seus pares na suposta empreitada foram acusados de terem ocultado o plano em questão enquanto buscavam captar recursos junto a investidores dos Estados Unidos.
Antes desse caso, porém, o empresário indiano e suas empresas já haviam chamado a atenção negativamente por um outro problema. Quem colocou Adani e o grupo na berlinda foi um relatório da consultoria Hindenburg Research.
Entre outras questões, o material acusava o Adani Group de manter companhias de fachada em paraísos fiscais para lavagem de dinheiro. E destacava que a holding estava no centro da “maior fraude corporativa da história”, além de ter uma operação com uma “situação financeira precária”.
A divulgação do relatório foi seguida por uma derrocada intensa nas ações de uma série de empresas do grupo indiano, que atua em diversos segmentos, com negócios como aeroportos, portos, usinas de energia e minas de carvão.
Os efeitos também chegaram ao patrimônio de Gautam Adani. Do pico de US$ 137 bilhões de sua fortuna, em agosto de 2022, o empresário indiano tem um volume estimado em sua conta bancária atualmente de “apenas” US$ 82,4 bilhões.