As ações do Credit Suisse caíram 5% nesta terça-feira, 21 de fevereiro, atingindo a cotação mais baixa de sua história (2,64 francos), acrescentando mais um problema à extensa lista de preocupações do banco suíço.

A queda aconteceu após a agência de notícias Reuters revelar que a Finma, agência reguladora financeira da Suíça, está investigando declarações dadas no final do ano pelo presidente do banco, Axel Lehmann.

Em duas entrevistas, uma no dia 1º de dezembro e outra no dia seguinte, Lehmann disse que os grandes saques do tradicional banco suíço de 166 anos, que vinham sendo registrados nos dois meses anteriores, haviam se estabilizado.

O episódio agravou a crise por que passa o Credit Suisse, que sofreu em 2022 sua maior perda anual desde a crise financeira de 2008. As ações caíram 8,3% este ano e 66,1% no acumulado dos últimos 12 meses, baixando seu valor de mercado para US$ 11,6 bilhões.

De acordo com a Reuters, que citou duas fontes que não quiseram se identificar, a Finma está tentando estabelecer até que ponto Lehmann estava ciente do movimento de retirada de fundos quando as entrevistas foram feitas. Uma das fontes disse que Lehmann pode não ter sido informado corretamente antes de fazer esses comentários.

A investigação da Finma faz sentido porque as entrevistas causaram impacto nas ações do banco. Na primeira, para o jornal britânico Financial Times em 1º de dezembro, ele declarou que, após fortes saques em outubro, as saídas haviam "se estabilizado completamente" e "revertido parcialmente".

No dia seguinte, Lehmann disse à Bloomberg que as saídas haviam "basicamente parado" – o que levou as ações do banco a subirem 9,3% no mesmo dia.

Os saques em grande escala foram atribuídos a especulações nas redes sociais de que o Credit Suisse estava à beira do colapso.

Os rumores surgiram depois das perdas bilionárias sofridas com os colapsos financeiros do family office Archegos Capital Management e da gestora de ativos britânica Grensill Capital, seguidas da saída de acionistas dos Estados Unidos, como a Harris Associates, que reduziu sua participação de 10% para 5% no banco.

A Finma não quis se manifestar. Um porta-voz do Credit Suisse disse que o banco "não comenta especulações".

Especulações

No dia 9 de fevereiro, ao anunciar os resultados anuais, o Credit Suisse reconheceu que os clientes haviam sacado 111 bilhões de francos suíços (US$ 119,65 bilhões) no último trimestre de 2022, quando o banco apresentou prejuízo de 1,5 bilhão de francos suíços (US$ 1,5 bilhão).

O banco admitiu ainda que as saídas, puxadas pelos clientes da área de wealth management, continuaram ao longo de dezembro e janeiro em todo o grupo, embora houvesse áreas do negócio que tiveram entradas líquidas, como a Suíça e a região da Ásia-Pacífico.

O CEO do Credit Suisse, Ulrich Koerner, disse a analistas em uma teleconferência neste mês que mais de 85% das saídas ocorreram em outubro e novembro. Isso deixaria até 17 bilhões de francos saindo em dezembro, após os comentários de Lehmann.

Em outubro, Koerner já havia anunciado uma reestruturação radical no Credit Suisse, incluindo o corte de 9.000 de sua força de trabalho de 52.000 funcionários, em um esforço para retornar ao lucro e restaurar a confiança dos investidores.

Outra medida anunciada foi o aumento de capital de 4 bilhões de francos suíços (US$ 4,3 bilhões), o que abriu caminho para a chegada de investidores de fundos soberanos do Oriente Médio.

No entanto, sua previsão no início deste mês de que teria uma “perda substancial” este ano ao absorver o custo da reformulação assustou os investidores e levou vários analistas a cortar suas recomendações sobre as ações do Credit Suisse.