Se durante a pandemia o home office foi uma saída encontrada para que as companhias mantivessem seus empregados, agora aqueles que executam suas funções quase integralmente no conforto de seus lares estão mais ameaçados de perderem o emprego.

Uma pesquisa realizada pela consultoria americana Live Data Technologies apontou que os que trabalham cinco dias da semana de casa têm 35% mais chances de serem demitidos ante aqueles que executam suas funções em escritórios corporativos.

Os dados foram coletados com mais de 2 milhões de entrevistados. Dos funcionários em regime home office, 10% deles foram demitidos no ano passado. Para aqueles em regime híbrido ou totalmente presencial, as demissões impactaram uma parcela de 7%.

“Quando um gerente recebe a notícia de que precisa dispensar 10% dos funcionários, é mais fácil colocar alguém que ele não tenha um relacionamento pessoal na lista de cortes”, diz Andy Challenger, vice-presidente da empresa de recrutamento Challenger, Gray & Christmas, em entrevista ao The Wall Street Journal.

Mas outros dados mostram que o problema não está apenas na questão de relacionamento. Uma pesquisa da consultoria Gartner feita em 2021 com diretores e gerentes de empresas nos Estados Unidos apontou que 68% deles acreditavam que os funcionários trabalhavam melhor no formato presencial do que os empregados remotos.

A pesquisa da Live Data também mostra o lado contrário. Ao mesmo tempo em que os trabalhadores remotos estão mais suscetíveis a serem demitidos, eles também têm mais chances de deixarem seus empregos por conta própria do que aqueles que vão diariamente ou em modelo híbrido aos escritórios.

Um ponto que talvez colabore para a saída voluntária é a falta de promoção. Segundo a Live Data, os trabalhadores remotos têm 31% menos chances de serem promovidos do que seus colegas que estão trabalhando presencialmente.

Essa análise mais recente acontece após um ano em que as grandes empresas incentivaram a volta dos funcionários aos escritórios. Entre elas: Disney, Google, Amazon, IBM e Tesla. Até mesmo a Zoom, que criou um software para videoconferência, já pediu para os funcionários voltarem ao batente nos prédios comerciais.

No Brasil, um estudo da Great Place To Work, realizado no ano passado, mostrou que 90% das 150 melhores empresas no ranking ofereciam home office para seus funcionários – mas não há especificação se há limitação em quantos dias por semana o trabalhador poderia exercer sua função fora do escritório.

Outra pesquisa, essa feita no ano passado pelo QuintoAndar com 1,9 mil pessoas, apontou que 43% dos trabalhadores remotos mudariam de emprego caso as companhias obrigassem a volta para o trabalho presencial.