Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS, está convivendo com um novo normal. Não, definitivamente, não estamos falando de um novo modelo de trabalho híbrido como se comentava nos anos de pandemia. O novo normal de Tomazoni e da JBS é outro: receita líquida acima de R$ 100 bilhões em cada trimestre.

Depois de atingir R$ 100,6 bilhões no segundo trimestre deste ano, a companhia acaba de alcançar R$ 110,5 bilhões neste terceiro trimestre. “É recorde e este é, sim, o nosso novo normal”, diz Tomazoni ao NeoFeed. Os números do terceiro trimestre vieram, como diz o próprio comandante da companhia, “vigorosos e surpreendentes”.

Se comparados com os resultados do terceiro trimestre de 2023, os dados saltam ainda mais aos olhos. A receita cresceu 20,9%; a margem Ebitda ajustada anotada foi de 10,8%, o dobro da apresentada no mesmo período do ano passado; e o Ebitda ajustado foi de R$ 11,9 bilhões, 120,7% superior ao do terceiro trimestre de 2023.

A geração de caixa livre alcançou R$ 5,5 bilhões e lucro líquido chegou a R$ 3,8 bilhões – um “salto triplo carpado” de 571%. O lucro líquido por ação foi de R$ 1,73. E Tomazoni avisa que o conselho de administração da companhia aprovou o pagamento de R$ 2,21 bilhões em dividendos extraordinários no próximo dia 15 de janeiro, correspondentes a R$ 1,00 por ação ordinária. “Nos últimos seis anos, trouxemos um retorno médio de 20% ao ano para os acionistas.”

Os números, de fato, chamam atenção em todas as frentes, mas Tomazoni faz uma avaliação fria do que tem feito a JBS alcançar esse feito. “É o efeito de nossa plataforma global mais um time que sabe se adaptar e operar muito bem”, diz ele.

A plataforma na qual a JBS está posicionada é diversa tanto geograficamente como em produtos. Ou seja, tem ovinos, suínos, bovinos e também peixes, além de marcas de alimentos prontos.

“Com isso, a gente conseguiu compensar. O mercado de bovino não está indo muito bem nos Estados Unidos, mas em frangos e suínos estamos indo bem”, diz Tomazoni. Aliado a isso, há uma demanda global mais forte por proteínas e o custo de grãos, fundamentais na cadeia de frangos e suínos, está no nível mais baixo dos últimos anos.

Sobre as operações que mais se destacaram, na visão de Tomazoni, estão as divisões de frango e suínos, a Pilgrim’s e a Seara, que fechou com uma margem de 21%. “E ainda estamos no meio do processo de trazer mais eficiência para a Seara”, diz ele, dando pistas que os próximos podem ser bem melhores. A Friboi foi outra que mostrou força e reportou uma margem de 11,6%.

É bom salientar, entretanto, que a JBS se beneficia também da cotação do dólar. Somando as operações no exterior e as exportações, as receitas geradas em dólar são predominantes. “Só 14% da nossa receita é em reais”, afirma Guilherme Cavalcanti, CFO da JBS Global, ao NeoFeed.

Cavalcanti explica que, à medida em que avança na eficiência e geração de caixa, a companhia vai reduzindo a sua alavancagem.

Neste trimestre, por exemplo, ela chegou a 2,15 vezes. Se comparado com o trimestre anterior, quando estava em 2,77 vezes, foi uma grande queda. Em relação ao mesmo período de 2023, quando marcava 4,87 vezes, então, a redução é ainda mais impressionante. “E reduzimos a alavancagem só com a geração de caixa”, diz Tomazoni.

Juntamente com o balanço, a JBS divulgou ainda um fato relevante com duas atualizações em relação ao guidance anunciado em setembro para o ano de 2024. Na primeira, a empresa projeta agora uma receita líquida de R$ 411,8 bilhões (US$ 77 bilhões) no ano, contra a projeção anterior de R$ 409,4 bilhões.

A segunda revisão envolve o Ebitda ajustado. Nessa linha, a nova estimativa aponta para a faixa de R$ 37,01 bilhões a R$ 38,14 bilhões. A previsão anterior nesse indicador era de R$ 33,43 bilhões a R$ 36,23 bilhões.