O ciclo de alta de juros, que pode levar a taxa Selic a 15% segundo projeções de mercado, tem aumentado a cautela na concessão de empréstimos bancários. Os principais executivos dos bancos privados já deixaram claro que vão pisar no freio com receio da inadimplência. Apesar do cenário desafiador, o Banco do Brasil planeja expandir sua carteira de crédito, hoje em R$ 1,2 trilhão.
“A condição monetária será mais apertada neste ano, mas seguimos otimistas quanto ao crescimento da nossa carteira de crédito. Temos uma carteira que é o sonho de qualquer banco: um terço de pessoa física, um terço de pessoa jurídica e um terço do agro”, afirmou Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil, durante um evento do Banco UBS nesta terça-feira, 28 de janeiro.
O banco aposta principalmente na expansão das carteiras de crédito consignado e do agronegócio, setor que deve se beneficiar de uma safra recorde de soja em 2025. Medeiros destacou que o BB tem uma vantagem competitiva em cenários de Selic elevada por já possuir uma carteira de crédito consolidada, formada em períodos de juros mais baixos. Essa configuração permite margens maiores sem a necessidade de grandes inovações ou renegociações.
Na frente do agronegócio, a CEO mencionou que o banco já liberou R$ 140 bilhões dos R$ 260 bilhões previstos no Plano Safra 2024/2025. “Estamos confiantes de que cumpriremos a totalidade dos R$ 260 bilhões”, afirmou.
O Banco do Brasil também espera que as taxas de inadimplência permaneçam controladas ao longo de 2025, apoiadas pelo aumento real da renda dos brasileiros, pelo baixo desemprego e por condições climáticas favoráveis ao agronegócio. “Esses fatores nos dão segurança para um crescimento saudável do crédito em 2025. Temos uma perspectiva muito positiva para este ano. Devemos crescer a nossa carteira mais que a média do mercado ”, reforçou a executiva.
Apesar do otimismo do banco, o cenário projetado diverge do consenso de economistas, que preveem uma atividade econômica mais fraca em 2025 devido ao aperto monetário. Para este ano, a mediana do Focus aponta para um crescimento próximo de 2%, com a economia sendo resfriada especialmente no segundo semestre. A expansão projetada é abaixo da prevista para 2024, de 3,5%.