Menos de 24 horas após a Light ter publicado na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) os detalhes do seu plano de recuperação judicial, os credores das debêntures emitidas pela empresa de energia elétrica manifestaram seu desapontamento com as condições colocadas no documento.
“O plano apresenta uma série de grandes sacrifícios pelos credores, mas não uma atitude pró-ativa dos controladores”, diz ao NeoFeed José Roberto Castro Neves, sócio da banca Ferro, Castro Neves, Daltro & Gomide (FCDG Advogados), que assessora um grupo gestoras com cerca de R$ 5 bilhões em debêntures da Light.
Castro Neves complementa: “Os credores estão desapontados porque foge do conceito de uma recuperação”.
A Light apresentou seis alternativas para os credores da sua dívida de R$ 11 bilhões, que vai da mais simples, com pagamento imediato para pequenos investidores que detêm no máximo R$ 10 mil, até um desconto mínimo de 60% do valor a receber via leilão reverso.
Causou estranheza nos credores a falta de comprometimento dos acionistas controladores, que não foram chamados a ajudar na capitalização da Light. No plano, há a informação sobre a possibilidade de captação de até R$ 1 bilhão, que poderia ser com aumento de capital ou mesmo um financiamento via emissão de títulos de dívida.
No entanto, na próxima terça-feira, 18 de julho os principais controladores estarão reunidos a partir das 11 horas. Nessa assembleia geral extraordinária, que escolherá o novo Conselho de Administração da empresa, estarão presentes os três maiores acionistas da Light: Nelson Tanure, que detém 28,06% do total de ações; Ronaldo Cezar Coelho (20,01%) e Beto Sicupira (10,16%). É esperado que eles abram uma nova via de negociação com uma mudança entre os conselheiros.
Nos últimos dias, o NeoFeed conversou com pessoas que participaram de negociações entre a Light e os credores. A sensação é que os detentores dos bondholders, que têm US$ 600 milhões em papéis da geradora e da distribuidora e são representados pelo banco de investimento Moelis e pela banca de advogados Pinheiro Neto, estariam mais próximos de uma composição.
Em oposição, os debenturistas representados pelo Lefosse e pelo FCDG Advogados estariam menos dispostos à negociação. Esses são credores de oito das 11 debêntures emitidas pela Light, num total de mais de R$ 5 bilhões - os três "grupos" restantes ainda não escolheram seus assessores.
“Os credores sempre agiram de forma colaborativa e objetiva, sem abdicar dos nossos direitos para discutir. Não vamos desistir dos nossos direitos”, afirma o sócio do FCDG Advogados. “Não vamos transigir com a legalidade, mas o plano é muito ruim e agressivo.”