Não é segredo que gestores vivem de tomar risco. São estratégias e posições fora do consenso de mercado que podem garantir um dinheiro extra para a asset via taxa de performance - além de um ganho maior para o investidor. Mas isso não significa que eles tenham de arriscar a qualquer preço.
Nos últimos 20 meses, esse era o cenário no Brasil. Agora, os gestores estão saindo de uma zona de conforto na alocação de ativos e buscando risco para os seus portfólios, mostra o relatório data analytics do Bank of America (BofA) com 36 estrategistas de investimento no Brasil que detém cerca de US$ 65,5 bilhões sob gestão.
“Assumir risco está acima da média histórica pela primeira vez desde novembro de 2021”, diz um trecho do relatório do BofA. “As proteções de risco permanecem estáveis, abaixo da média histórica, mas o nível de caixa permanece alto.”
Se no fim do ano passado ter risco acima do normal na carteira estava próximo de zero, essa realidade mudou rapidamente e 28% dos gestores estão com posições mais arriscadas. É importante frisar que nos últimos dois meses esse indicador estava abaixo de 10%.
Mas, quando se olha a janela de 2018 a 2023, os gestores ainda estão longe de se sentirem seguros em colocar mais risco em suas estratégias. Em 2019, por exemplo, entre 45% e 50% dos estrategistas de investimento estavam com posições mais arriscadas que a média histórica em seus portfólios.
A confiança em tomar risco está ligada às mudanças de expectativas macroeconômicas Para 75% dos participantes, a queda da taxa Selic começa em agosto. E 36% já veem um PIB entre 2% e 3% para o ano - em junho quase 60% calculava o crescimento da atividade econômica entre 1% e 2%.
Além disso, 44% enxergam a possibilidade do real se fortalecer sobre o dólar e encerrar o ano abaixo de R$ 4,80. Em junho, mais de 60% calculava a divisa americana entre R$ 4,81 e R$ 5,10.
Com um Ibovespa entre 120 mil e 130 mil pontos no fim do ano para mais da metade dos gestores - o principal indicador da B3 está na casa dos 117 mil pontos, o que indica um upside de até 11% -, este é o momento de incrementar a carteira com ações.
Empresas ligadas a consumo e o setor financeiro estão em alta na carteira desses gestores, enquanto commodities e energia estão com peso menor.