Pouco mais de 130 memorandos, direcionados a clientes, desde 1990 e com análises extremamente precisas sobre economia e o cenário de investimentos. Essa coleção extensa ajuda a entender, em parte, a dimensão alcançada por Howard Marks.
Cofundador da Oaktree Capital, uma das principais empresas de investimentos em ativos de risco, com US$ 153 bilhões sob gestão, o americano de 75 anos é considerado uma lenda no mercado e tem, entre seus fãs de carteirinha, outro ícone, o megainvestidor Warren Buffett.
Com essas credenciais, Marks foi o convidado de uma das edições recentes do podcast Invest Like the Best, apresentado por Patrick O’Shaughnessy. E aproveitou para dividir um pouco da sua visão sobre o cenário atual de bull market e o entusiasmo que vem dominando o mercado.
Em um primeiro ponto, Marks falou sobre as diferenças entre a evolução do mercado desde a chegada da Covid-19, em 2020, e outros ciclos vivenciados por ele em mais de cinco décadas de carreira.
“Em todas as outras crises, nos ciclos de alta, de baixa, a causa era endêmica. Veio de dentro”, afirmou. “As pessoas ficam entusiasmadas e isso leva as coisas a um excesso. E, no longo prazo, esse excesso não é sustentável. E assim você obtém uma correção.”
Para ele, no entanto, o que aconteceu em 2020 não foi gerado por um excesso de otimismo. Mas sim, por um choque externo, na forma de uma pandemia. “E então, você teve uma recuperação que foi planejada pelo Fed e pelo Tesouro, e não porque as coisas ficaram insustentáveis e houve uma regressão natural.”
Nesse contexto, Marks apontou que os investidores precisam aprender “um plano de jogo totalmente novo”. E fez um alerta: “A última parte do ciclo de alta chega quando tudo está indo bem e as pessoas tendem a aceitar que as árvores crescerão para o céu”, observou.
Ao destacar que os investidores estão evitando qualquer pensamento crítico ou lógico, ele afirmou que é importante “desviar-se da multidão”, sem deixar de fazer, novamente, uma ressalva.
“Nem sempre é uma estratégia vencedora fazer o oposto do que a maioria dos investidores está fazendo. Mas, em situações extremas, é”, disse. E acrescentou que para ter um desempenho superior, os investidores precisam se sentir “desconfortáveis”.
Na prática, Marks afirmou que isso significa ir contra o consenso, ousar estar errado e ousar “parecer errado”, porque decisões idiossincráticas demandam tempo para se mostrarem corretas. “Todas essas três dificuldades fazem parte do desafio de investir”, finalizou.