Havia 1,85 milhão de investidores ativos na Bolsa brasileira em janeiro, um crescimento de quase 10% sobre o mês anterior, segundo dados divulgados pela B3. Em fevereiro, mantido esse ritmo, a tendência é a B3 superar os 2 milhões de investidores.

Diante do cenário de juros historicamente baixos, muitos investidores têm corrido para alocar recursos em renda variável. O que tem feito alguns analistas debaterem se há um risco de bolha na Bolsa brasileira.

Durante conversa com jornalistas para apresentação dos resultados do quarto trimestre, o CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti, abordou a questão. “Não há risco de bolha na Bolsa”, disse Sallouti. “Mas aumenta muito a nossa responsabilidade em educação financeira e de assegurar a suitability (questionário que define o perfil do investidor).”

Para chegar à conclusão de que não há risco de bolha na bolsa brasileira, Sallouti fez uma comparação com os Estados Unidos nos anos 1980, quando os juros começaram a cair por lá. Segundo o executivo, a Bolsa americana só explodiu a partir dos anos 1990.

“A primeira crise foi em 2001 e a segunda em 2008”, disse Saloutti. “Para nós, o Brasil está em 1993, se comparado aos Estados Unidos.” E conclui: “Estamos longe de uma bolha.”

O executivo afirmou que vai reforçar a questão da educação financeira. E citou a revista Exame, que o BTG Pactual acabou de comprar, e o canal de YouTube, que tem 200 mil assinantes, como formas para entregar esse tipo de serviço.

"Se você me dissesse há dez anos que eu teria 200 mil inscritos no canal do BTG no YouTube, eu não acreditaria", brincou Sallouti.

Por outro lado, Sallouti afirmou que terá um padrão mais duro em suitability, mesmo que os funcionários do banco reclamem. “A forma de remuneração do banco é salários mais bônus, não pagamos comissão”, afirmou João Dantas, diretor financeiro do BTG Pactual.

O tema de uma bolha na Bolsa brasileira também foi tratado pelo presidente do Itaú Unibanco, Candido Bracher, durante a apresentação de resultado do banco em 2019, nesta semana.

Na visão de Bracher, a corrida das pessoas físicas à Bolsa, motivada pelos juros baixos, ainda não pode ser classificada como uma bolha. Mas assim como Salouti, o executivo fez uma ressalva.

"Não vejo sinais de bolha ainda, mas vejo razões para estarmos atentos e o fenômeno pode e tende a ocorrer com taxas de juros muito baixa e por muito tempo", afirmou Bracher.

A opinião não é compartilhada por Luis Stuhlberger, gestor da Verde Asset, um dos principais investidores do Brasil. No fim de janeiro, ele mostrou sua preocupação com o tema. Os juros baixos, na opinião de Stuhlberger, tem feito os ativos se valorizarem muito.

“Não existe uma bolha nas Bolsas no mundo, mas, no Brasil, sim. Os órfãos do CDI – os rentistas, e eu me incluo nisso – têm diversificado (seu portfólio) todos os dias com (aportes em) crédito privado e private equity”, disse Stuhlberger, durante um evento do Credit Suisse, no fim de janeiro.

Resultado

A receita total do BTG Pactual atingiu R$ 8,3 bilhões em 2019, um crescimento de 55,7%. No quarto trimestre, as receitas somaram R$ 2,5 bilhões, avanço de 60,3%.

O lucro líquido ajustado no trimestre foi de R$ 1 bilhão, alta de 42%. E o retorno ajustado sobre o patrimônio líquido representou 19,1%.

O investiment banking teve receita recorde no trimestre, chegando a R$ 306,1 milhões. No ano, foi de R$ 948,8 milhões, o dobro de 2018.

O BTG Pactual obteve também um forte crescimento nas áreas de asset management e wealth management. Os ativos sob  gestão em wealth management tiveram um crescimento anual de 40% e em asset management 30%.

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