Com mais de 120 anos de história, a Gerdau, siderúrgica com 36 mil funcionários e faturamento de R$ 54 bilhões até o terceiro trimestre de 2023, sempre teve no Brasil o seu maior resultado. Mas, nos últimos dois anos, isso mudou. Hoje, quase 60% do faturamento da companhia vem do exterior. A explicação para isso é que, além de ganhar musculatura em outras geografias, a empresa passou a sofrer no mercado nacional.

“A preocupação que temos tido nos últimos períodos é a deterioração dos nossos resultados no Brasil”, diz Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, em entrevista ao É Negócio, parceria entre o NeoFeed e a CNN Brasil. “O Brasil está passando por um momento que a gente nunca tinha visto na nossa história, que é uma competição desleal com o aço que tem entrado da China e de outros países asiáticos.”

O problema, diz Werneck, não é a competição, mas sim a forma como tem sido a disputa. “Quando começa a ter penetração de um aço que não segue as práticas da Organização Mundial do Comércio e que vem subsidiado, a gente tem dificuldade de competir”, afirma. Para resolver essa questão, ele e outros empresários do setor têm debatido saídas com o governo.

Uma delas seria fazer o mesmo que foi feito nos Estados Unidos, no México e nos países da União Europeia. Ou seja, taxar o aço que vem de países asiáticos. Para se ter uma ideia, no ano passado, foram importadas 5 milhões de toneladas de aço e mais de 90% disso vieram da China.

No longo prazo, se nada for feito, Werneck diz que isso vai causar efeitos muito nocivos para a economia e para a indústria brasileira. “A gente defende que se não formos muito efetivos agora de criar uma condição no Brasil, de se competir de igual para igual, isso matar a indústria do aço e vai matar outras indústrias no Brasil também.”

Ao longo dos próximos anos, diz Werneck, a Gerdau vai focar mais nos mercados domésticos, principalmente no Brasil, no México, nos Estados Unidos e Canadá. Sobre a criação do programa Nova Indústria Brasil, anunciado pelo governo brasileiro, o executivo enxergou com bons olhos. “Acho que são passos que se começam a desenvolver nesse governo para que a indústria volte a ser protagonista como precisa ser”, afirma.

Na entrevista, que pode ser acompanhada no link abaixo, Werneck também fala sobre a meta da Gerdau de ser uma empresa carbono neutro, de inovação, transformação digital e o plano de investimento anual de R$ 5 bilhões para o Brasil e os outros países nos quais tem presença.