Após um período de ajustes internos e superação dos principais legados da época em que era estatal, a Eletrobras — agora rebatizada como Axia Energia — está focada em crescer. Para isso, pretende ser uma competidora de peso nos próximos leilões.

“Vamos olhar com atenção os próximos leilões e, à semelhança do que fizemos no leilão de transmissão, vocês podem esperar uma participação ativa da Axia Energia nos certames futuros”, afirmou o presidente da companhia, Ivan Monteiro, na quinta-feira, 6 de novembro, em call com analistas sobre os resultados do terceiro trimestre.

A Axia foi considerada a principal vencedora do leilão de projetos de transmissão realizado em 31 de outubro. A empresa se comprometeu com o maior volume de investimentos, arrematando quatro projetos com aportes estimados em R$ 1,63 bilhão.

Segundo Elio Wolff, vice-presidente de estratégia e desenvolvimento de negócios da Axia, a companhia vem direcionando capital para investimentos em transmissão — tanto em reforços e melhorias quanto em novos leilões, que têm se mostrado atrativos.

A ideia é participar progressivamente dos certames, com atenção especial ao leilão previsto para março de 2026. A agenda do próximo ano, no entanto, vai além da transmissão: a Axia pretende disputar o leilão de capacidade, também em março, com suas usinas hidrelétricas, e o leilão de baterias, que pode ocorrer no segundo semestre.

“Nossa agenda é, primordialmente, de construção de opcionalidade de investimento. À medida que surgem oportunidades de alocar capital — em leilões ou fora deles — vamos agir de forma progressiva”, disse Wolff.

Monteiro destacou que a reestruturação permitiu elevar os investimentos a patamares superiores aos registrados antes da privatização.

“De uma média histórica entre R$ 2,5 bilhões e R$ 3 bilhões no período estatal, devemos atingir este ano cerca de R$ 10 bilhões, focados em eficiência operacional e participação em leilões”, afirmou.

Enquanto a agenda se volta ao crescimento, a gestão do portfólio de ativos continua, com a companhia mantendo sua estratégia de desinvestimentos — como nas participações da Emae, da usina termelétrica de Santa Cruz e, mais recentemente, na Eletronuclear.

“A agenda de simplificação segue firme. Fizemos bastante em 2025, mas ainda há ativos que buscamos desmobilizar, desde que faça sentido em termos de geração de valor para a Axia”, afirmou Wolff.

Além de liberar recursos para novos investimentos e reforçar a operação, o processo de reestruturação permitiu à Axia anunciar o pagamento de R$ 4,3 bilhões em dividendos intermediários. Com isso, a companhia distribuirá R$ 8,3 bilhões aos acionistas.

O tema foi destaque na call e um dos motivos para as ações da Axia figurarem entre as maiores altas do Ibovespa. Por volta das 14h30, as ações preferenciais classe B (PNB) subiam 1,94%, a R$ 62,12, enquanto as ordinárias avançavam 2,03%, para R$ 58,93.

A grande dúvida é se haverá novos pagamentos do tipo. Segundo Eduardo Haiama, vice-presidente financeiro e de relações com investidores, tudo dependerá do que o modelo de alocação de capital indicar.

“O que podemos afirmar é que, a cada trimestre, atualizaremos nossa metodologia com base nos eventos ocorridos — como a venda da Eletronuclear, da Emae, os leilões de transmissão e a visão de preços para 2026”, disse Haiama.

A Axia encerrou o terceiro trimestre com prejuízo de R$ 5,45 bilhões, revertendo o lucro do ano anterior, devido à despesa de R$ 7,2 bilhões com a venda da participação na Eletronuclear. Em termos ajustados, o lucro líquido foi de R$ 2,2 bilhões, queda de 68%.

A receita líquida ajustada recuou 9,2%, para R$ 10 bilhões, enquanto o Ebitda ajustado caiu 50,8%, para R$ 5,9 bilhões.

No acumulado do ano, as ações PNB e ordinárias registram altas de 65,6% e 75%, respectivamente. O valor de mercado da Axia soma R$ 138 bilhões.