A Raízen está dando mais um passo na estratégia com foco na otimização da sua estrutura de capital e na redução da sua alavancagem financeira com um novo desinvestimento anunciado na manhã desta quinta-feira, 24 de julho.
Em comunicado ao mercado, a companhia anunciou a venda de 55 usinas de geração distribuída (GD), majoritariamente operacionais, da Raízen Energia, unidade voltada a serviços de energia renovável fruto de uma joint venture entre o grupo Cosan e a Shell.
Com um valor de aproximadamente R$ 600 milhões, sujeito a eventuais ajustes, o acordo envolve as transferências de 44 ativos para a Thopen e 11 usinas de geração distribuída para o Grupo Gera. O pacote tem uma capacidade nominal instalada agregada de até 142 megawatt-pico (MWp).
A negociação também marca o encerramento da joint venture mantida desde 2021 com o Grupo Gera.
E, segundo a Raízen, cumpre o seu objetivo de desenvolver projetos de geração distribuída e soluções de tecnologia relacionadas a contratação, gestão e consumo de energia elétrica.
No comunicado, a companhia também ressalta que o acordo conclui a venda da parcela relevante de seus projetos de GD. E informa que receberá os valores correspondentes à medida que as usinas forem transferidas para os compradores, um processo que está previsto para ser finalizado em março de 2026.
O anúncio dessa quinta-feira dá sequência a uma série de desinvestimentos da Raízen, que já somam mais de R$ 2,7 bilhões e integram os esforços para reduzir o seu nível de endividamento, que foi impactado por investimentos elevados desde o IPO, em 2021, e o recente ciclo de alta de juros.
Nos números mais recentes que traduzem esses efeitos, relativos ao quarto trimestre do ano safra 2024/2025, encerrado em março de 2025, a alavancagem da Raízen estava em 3,2 vezes, contra 1,3 vez, um ano antes.
A empresa encerrou o período com uma dívida líquida de R$ 34,3 bilhões, 78,9% superior à cifra reportada na safra anterior. Já a última linha do balanço trouxe um prejuízo líquido de R$ 2,5 bilhões, o que ampliou as perdas em 186,1% na mesma base de comparação.
Nesse movimento de recuperação desses indicadores a partir da reciclagem do seu portfólio, a companhia anunciou na semana passada a descontinuação das operações da Usina Santa Elisa, por tempo indeterminado.
Como parte dessa estratégia, a Raízen Energia celebrou contratos de venda de até 3,6 milhões de toneladas de cana de açúcar, incluindo cana própria e a cessão de contratos com fornecedores, pelo valor aproximado de até R$ 1,04 bilhão.
Dois meses antes, a companhia já havia anunciado a venda da Usina de Leme para a Ferrari Agroindústria e a Agromen Sementes Agrícolas, em um acordo fechado por aproximadamente R$ 425 milhões.
Também em maio, o NeoFeed apurou que a empresa assinou um acordo para repassar usinas de GD para o Patria Investimentos. O acordo, por sua vez, foi um desdobramento de outra transação firmada entre as duas partes, um mês antes, envolvendo a venda de 31 projetos para a Élis Energia, controlada pelo Patria.
Os ativos incluídos nesse pacote com a Élis Energia totalizavam uma capacidade instalada agregada de até 115,4 MWp e foi fechado por R$ 700 milhões. E incluía justamente a possibilidade da aquisição de outros projetos pelo Patria.
Já em dezembro de 2024, em outro movimento nessa direção, a Raízen informou que vendeu até 31 projetos de geração distribuída para a Brasol, investida de um fundo da BlackRock e da Siemens, por R$ 425 milhões.
As ações da Raízen encerraram o pregão da quarta-feira com alta de 5,48%, cotadas a R$ 1,54. No ano, porém, os papéis registram uma desvalorização de 28,7%, dando à empresa um valor de mercado de R$ 15,9 bilhões.