Rede mineira de hotéis e resorts, o Grupo Tauá acaba de concluir uma captação de R$ 150 milhões via Certificados Recebíveis Imobiliários (CRIs). Coordenada pelo Itaú, a operação tem carência de um ano e, passado esse período, um prazo de amortização de cinco anos.

Essa é a primeira vez que a empresa, fundada em 1986, recorre a essa modalidade. E, a partir desse “check-in”, a companhia está dando o pontapé em um plano de investimentos de R$ 1,5 bilhão até 2030.

“Esse CRI vem justamente para acelerar as obras e expansões que temos previstas nos próximos anos”, diz Frederico Gondim, CFO do Grupo Tauá, em conversa exclusiva com o NeoFeed. “Hoje, somos a terceira maior rede de resorts. Queremos ser a segunda até o fim de 2026 e a primeira até 2030.”

O objetivo é disputar esse páreo com os grupos Vila Galé e Aviva, que ocupam, respectivamente, a primeira e a segunda posição no ranking de resorts do Brasil. Dados da Resorts Brasil, a associação do setor, apontam que o País tem um total de 31 mil quartos, distribuídos em mais de 120 empreendimentos.

Em pesquisa recente, referente ao terceiro trimestre de 2024, a entidade identificou 21 projetos de futuros resorts no mercado brasileiro. Essas iniciativas totalizam mais de 6 mil quartos e têm previsão de inauguração até o fim desse ano.

Dentro de um universo mais amplo, o Grupo Tauá, que conta atualmente com 1,8 mil unidades, pretende superar a marca de 3,6 mil unidades em 2030. E parte dessa expansão já está assegurada com a inauguração de um novo resort em João Pessoa (PB), prevista para meados de 2026.

O projeto abrirá as portas com 510 quartos - com o plano de chegar a 1,030 - e envolve um investimento de R$ 650 milhões. Essa cifra integra o volume de recursos a ser aportado até 2030 e uma parcela desse montante será financiada pela captação anunciada agora.

Primeira etapa na corrida do Tauá pelo topo do pódio em resorts, os R$ 150 milhões levantados via CRIs são parte do investimento de R$ 325 milhões previstos pela empresa para 2025 e terão outros destinos. O primeiro é a expansão do resort em Atibaia (SP), hoje, o carro-chefe do portfólio do grupo.

Com obras previstas para 2026, a ideia é adicionar mais 240 quartos à base atual de 780 unidades no empreendimento. O projeto incluirá ainda a expansão da infraestrutura do parque aquático do hotel, outra atração que vem ganhando espaço em outros ativos da rede, especialmente no modelo indoor.

Outro roteiro desses recursos será a compra de terrenos para a construção de um novo resort, o sétimo do grupo. Atualmente, além de Atibaia e do projeto em construção em João Pessoa, o Tauá tem quatro empreendimentos em Alexânia (GO), Caeté (MG), Araxá (MG) e Jarinu (SP).

“Estamos fazendo um estudo de viabilidade para esse novo resort e temos um pipeline de seis projetos sendo avaliados”, afirma Gondim. “Esses terrenos estão no interior de São Paulo, no Sul e no Nordeste, em estados como Alagoas.”

Como parte do plano, o CFO não descarta o investimento em projetos brownfield, por meio de aquisições. Mas ressalta que, dada a dificuldade de encontrar projetos que dialoguem com a tese e a cultura do grupo, essa possibilidade está em segundo plano no momento.

Ao mesmo tempo, o executivo observa que a empresa não precisará recorrer necessariamente a novas captações para financiar o volume restante do plano de R$ 1,5 bilhão. A princípio, a orientação é viabilizar essa expansão com o próprio caixa da operação.

“Temos uma geração de caixa muito forte e um nível de endividamento bastante saudável”, diz o CFO. “Fechamos 2024 com um Ebitda de R$ 266 milhões, um crescimento anual de 41%, e com uma alavancagem de 0,7 vez.”

Em outro número do balanço de 2024, o Tauá faturou R$ 660 milhões. Já para 2025, a projeção é de um salto de 24% nessa linha, para R$ 770 milhões, e de 28% no Ebitda, para R$ 320 milhões. Enquanto em 2026, a meta é superar a marca de R$ 1 bilhão em faturamento.