Entre idas e vindas, a compra do Twitter por Elon Musk se estendeu por cinco meses. Nesse intervalo, fiel ao seu estilo, o bilionário dono da Tesla e da SpaceX conduziu uma trama pontuada por declarações polêmicas e muito barulho antes de selar o acordo, no fim de outubro, por cerca de US$ 44 bilhões.
Na sequência desse script, as pouco mais de três semanas de Musk à frente da rede social não têm sido diferentes. Desde que recebeu as “chaves” da operação, entre outras questões, ele anunciou demissões no e medidas controversas que alimentaram os questionamentos sobre o acordo e o futuro da companhia.
Escritor, professor da Universidade de Nova York e um dos gurus do Vale do Silício, Scott Galloway é um dos nomes que estão engrossando esse coro. Também conhecido por suas falas ácidas e contundentes, ele adotou um tom extremamente negativo em relação a Musk e à transação em entrevista concedida à CNN.
“Esta já é a segunda pior aquisição da história apenas uma ou duas semanas após o seu fechamento”, disse Galloway, sem, no entanto, dizer qual seria a primeira. “Essa é uma empresa que vale, provavelmente, US$ 10 bilhões e pela qual ele pagou US$ 44 bilhões, e acha que pode demitir metade da equipe, tratá-los mal e não ter nenhuma consequência.”
Ao ressaltar que Musk é um “péssimo modelo para jovens empreendedores”, Galloway destacou que o culto ao bilionário é explicado pela tendência crescente de as pessoas buscarem ídolos, em particular, no mundo da tecnologia. E que esse fanatismo distorce a análise sobre cada passo ou decisão do empresário.
“Nosso novo Jesus Cristo era Steve Jobs e, agora, Elon Musk está assumindo esse manto”, observou. “E cada movimento irracional, ridiculamente mesquinho e sem sentido que ele faz é, de alguma forma, visto como um xadrez.”
Para ele, esse contexto explica a postura adotada por Musk à frente de seus negócios. “Ele é alguém que mostra um pouco de complexo de Deus, muito bem pago e que está vendo algo que não vemos”, disse. “Não há grades de proteção ao seu redor e ele verá sua riqueza cortada, provavelmente, pela metade.”
Nessa direção, Galloway destacou que o mercado está assistindo ao desenrolar da trama, não de uma empresa, mas sim de uma pessoa. E acrescentou, ironicamente, que, talvez, todos ainda não estejam a par da genialidade de Musk.
“Você não pode negar suas incríveis realizações, mas agora ele comanda três empresas diferentes?”, comentou. “Eu nunca conheci um homem ou uma mulher que seja infalível. Todos eles acabam falhando. Essa noção de que existe um super ser humano nunca se confirma.”