Na terça-feira, 23 de maio, a S&P Global Ratings divulgou um relatório rebaixando o rating do Softbank de BB+ para BB e classificando o crédito de longo prazo do conglomerado japonês no nível “junk”.
Entre outras justificativas, a agência citou a alta exposição do grupo a participações em startups e empresas de capital fechado, com valuations mais voláteis. Ao mesmo tempo, a companhia tem reduzido sua fatia em ativos listados, como fez recentemente com a participação no Alibaba.
Bastaram poucas horas para que o conglomerado comandado por Masayoshi Son reagisse a essas novas classificações. A resposta veio na forma de um comunicado divulgado pela área de relações com investidores da companhia e trouxe questionamentos sobre a avaliação da S&P.
“Durante o ano passado, nossa rigorosa gestão financeira defensiva fortaleceu nossa posição financeira como nunca. É extremamente lamentável que nossa solidez financeira não tenha sido devidamente avaliada”, ressaltou o Softbank, na nota.
Para reforçar esse posicionamento, o grupo citou que sua posição de caixa evoluiu de 2,3 trilhões de iens, em 31 de março de 2022, fim do seu exercício fiscal, para 5,1 trilhões no ano fiscal encerrado em 31 de março de 2023.
“Esse valor é suficiente para cobrir os resgates de títulos pelos próximos seis anos, não havendo preocupação com resgates de dívidas”, observou o Softbank no documento, citando ainda que, nesse intervalo, sua dívida líquida com juros foi reduzida em 3 trilhões de yens, para 1,7 trilhão de yens.
Outro ponto ressaltado pela empresa foi o seu loan-to-value (LTV), medido pela divisão entre a dívida líquida ajustada com juros e o valor patrimonial das participações detidas, que cresceu 9,4 pontos percentuais nessa mesma base de comparação, para 11%.
Já no que diz respeito ao equilíbrio entre ativos listados e não listados em seu portfólio, o grupo destacou que esse balanço irá melhorar significativamente com a oferta pública inicial (IPO) da Arm, empresa britânica de chips, em fase de preparação e prevista, a princípio, para setembro, nos Estados Unidos.
“Em relação ao LTV, atingimos um nível que atende os requisitos de atualização da S&P há pelo menos três anos. Insistimos veementemente para que a agência considere uma atualização assim que a proposta da oferta pública da Arm for concluída”, acrescentou a companhia.
Em um contraponto aos números destacados pelo Softbank, em seu último trimestre fiscal, o grupo deu sequência à sua trilha recente de prejuízos no Vision Fund, seu fundo de tecnologia e que liderou, por muito tempo, os aportes em startups do setor em todo o mundo, incluindo na América Latina.
Entre janeiro e março de 2023, o fundo em questão apurou uma perda de 660 bilhões de ienes (US$ 5 bilhões), seu quarto prejuízo trimestral consecutivo. No período, o Softbank reportou um prejuízo líquido de 783,4 bilhões (US$ 5,9 bilhões).
Na bolsa de Tóquio, as ações do Softbank fecharam o pregão da quarta-feira em queda de 2,36%. Em 2023, os papéis do grupo acumulam uma desvalorização superior a 10%. A empresa está avaliada em 7,4 trilhões de ienes (US$ 53,7 bilhões).