No início da noite de quinta-feira, 26 de outubro, ao reportar seu desempenho no terceiro trimestre de 2023, a Suzano não se limitou aos indicadores do período. O balanço veio acompanhado de um pacote adicional, com uma cifra bilionária.
Em dois fatos relevantes divulgados separadamente, a companhia anunciou que seu Conselho de Administração aprovou um par de investimentos que, somado, alcança um volume total de R$ 1,66 bilhão.
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A maior parcela desse plano, de R$ 1,17 bilhão, tem como destino o munícipio de Aracruz (ES) e será dividida em duas frentes. A primeira envolve a construção de uma fábrica de papéis sanitário (tissue) e de conversão em papel higiênico e papel toalha.
Com previsão de início de operação no primeiro trimestre de 2026, a unidade tem um aporte estimado em R$ 650 milhões. O grupo informou que pretende financiar parte do projeto com um saldo de créditos de ICMS que possui no estado, com um desembolso líquido de cerca de R$ 130 milhões.
Ainda em Aracruz, uma segunda iniciativa envolverá a construção de uma nova caldeira de biomassa na fábrica de produção de celulose em operação no município. Nesse caso, a previsão é de que a estrutura entre em operação no quarto trimestre de 2025 e o investimento projetado é de R$ 520 milhões.
No fato relevante, a Suzano ressaltou que os dois projetos estão em linha com sua estratégia de fortalecer seu posicionamento no segmento de bens de consumo e sua competitividade na produção de celulose. Sem deixar de priorizar, no entanto, sua disciplina financeira.
A cifra de R$ 1,16 bilhão se completa com uma injeção de recursos de R$ 490 milhões para a produção de celulose fluff a partir da madeira de eucalipto, com capacidade nominal de 340 mil toneladas por ano. O que irá ampliar a capacidade total no segmento para 440 mil toneladas anuais em 2025.
Esse aporte será concretizado a partir da conversão da máquina de secagem de celulose no complexo industrial do grupo em Limeira (SP). A Suzano destacou que esse investimento não impacta a estimativa de Capex divulgada anteriormente pela companhia, da ordem de R$ 18,5 bilhões para 2023.
No que diz respeito ao projeto de Limeira, R$ 196 milhões serão aplicados em 2024 e os R$ 294 milhões restantes em 2025. A mesma abordagem vale para os projetos em Aracruz. Nesse caso, a divisão inclui R$ 522 milhões, em 2024; R$ 621 milhões, em 2025; e R$ 27 milhões em 2026.
Em tissue, outro passo recente da Suzano foi a compra da operação da Kimberly-Clark nesse segmento. Concluída em junho deste ano, por US$ 175 milhões, a transação alçou o grupo ao posto de maior empresa de papéis higiênicos do Brasil.
Do lucro ao prejuízo
Entre julho e setembro, a Suzano apurou um prejuízo líquido de R$ 729 milhões, contra um lucro líquido de R$ 5,44 bilhões registrado em igual período, um ano antes. Apesar da perda, o número na última linha do balanço veio abaixo da estimativa de analistas, que apontava para um prejuízo de R$ 1,5 bilhão.
A companhia atribuiu a queda anual, em grande parte, ao recuo na receita líquida e à variação negativa no resultado financeiro, como reflexo da desvalorização cambial sobre a dívida e sobre as operações com derivativos.
No trimestre, a receita líquida da operação foi de R$ 8,9 bilhões, um desempenho 37% inferior ao registrado há um ano. Já o Ebitda ajustado recuou, na mesma base de comparação, 57%, para R$ 3,6 bilhões, enquanto a margem Ebitda ajustada teve queda de 20 pontos percentuais, para 41%.
A Suzano encerrou o período com a dívida líquida praticamente estável na comparação anual, em R$ 57,6 bilhões. Já a alavancagem, medida pela relação dívida líquida /Ebitda ajustado, ficou em 2,6 vezes, ante 2,2 vezes no terceiro trimestre de 2022.
As ações da empresa encerraram o pregão dessa quinta-feira com ligeira alta de 0,21%, cotadas em R$ 52,71. No ano, elas acumulam uma valorização de 9,2%. A Suzano está avaliada em R$ 67,9 bilhões.