A Suzano está considerando acordos com a China cotados na moeda chinesa yuan, disse Walter Schalka, CEO da produtora brasileira de celulose, em entrevista à Bloomberg.
De acordo com ele, clientes menores da China estão exigindo que os negócios sejam feitos em yuan. Hoje, a Suzano, maior fabricante de celulose do mundo, vende 43% de sua produção para o país asiático.
"A China se tornará mais relevante no mercado global, não tenho dúvidas", disse Schalka. "Minha própria percepção é que seria muito melhor ter uma colaboração de longo prazo entre o Ocidente e o Oriente, mas o que vemos é uma tensão crescente neste momento."
Na visão de Schalka, o dólar se tornará menos relevante, embora ainda não tenha visto uma "grande transição" para o yuan chinês.
A China está em um esforço para promover o yuan, também conhecido como renminbi, no comércio global. Esse esforço vem em meio a tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China.
O Brasil também tem falado sobre abandonar o dólar, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reacendendo os apelos por uma moeda organizada pelo BRICS, grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, no mês passado.
A disposição da Suzano de fazer contratos em yuan alimenta o debate sobre desdolarização. Recentemente, copresidente do International Crisis Group, Frank Giustra, alertou que o abandono do dólar como uma moeda para o comércio global parece inevitável e ameaça se tornar uma preocupação de segurança nacional para os EUA.
O movimento de desdolarização também tem ajudado a alimentar a recente recuperação do ouro, de acordo com um relatório do World Gold Council.
Segundo o órgão comercial independente que monitora o mercado de ouro, a quantidade do metal comprada pelos bancos centrais aumentou 152% em 2022 e explica o rápido aumento da cotação do lingote, de 20% nos últimos seis meses.
As 1.136 toneladas de ouro adquiridas pelos BCs ao longo do ano passado configuraram o maior fluxo de aquisição das autoridades monetárias desde a década de 1950.