O uso de medicamentos análogos ao GLP-1 para emagrecimento está em forte crescimento no Brasil. Segundo um relatório do BTG Pactual, baseado em dados da consultoria IQVIA, a previsão é de que o faturamento das redes varejistas com essas canetas ultrapasse R$ 5 bilhões neste ano.

Isso representa uma expansão de pelo menos 1,5% no mercado farmacêutico de varejo, que faturou R$ 158,4 bilhões em 2024, segundo a Abraframa.

O impacto financeiro está ligado à introdução de novos produtos, como o Mounjaro, da Eli Lilly, que tem a tirzepatida como princípio ativo e começou a ser vendido no Brasil em maio. Na última segunda-feira, 9 de junho, a Anvisa aprovou seu uso contra a obesidade, ampliando sua indicação, antes restrita ao tratamento de diabetes.

“As terapias com GLP-1 tornaram-se centrais para o crescimento e novamente superam outras áreas terapêuticas em 2025 — especialmente com a recente entrada do Mounjaro, que vem ganhando adesão entre pacientes que não se adaptaram ao Ozempic e ao Wegovy”, escreveram os analistas Luiz Guanais, Yan Cesquim e Pedro Lima, no relatório do BTG.

Além disso, a dinamarquesa Novo Nordisk reduziu os preços do Ozempic e do Wegovy, dois dos medicamentos mais populares desse segmento, buscando ampliar o acesso ao tratamento e combater versões irregulares e manipuladas.

A concorrência aumentou, e a presença global do Mounjaro foi apontada como um dos motivos da saída do CEO da Novo Nordisk, Lars Jorgensen, divulgada em maio pela companhia.

Outro fator que pode afetar o mercado é a nova exigência de receita médica para a compra das canetas em farmácias, determinada pela Anvisa e válida a partir de julho. Apesar da possível queda inicial nas vendas, o BTG acredita que o volume será rapidamente normalizado.

O setor farmacêutico deve continuar crescendo, impulsionado pelo aumento na venda dessas canetas emagrecedoras e por novas terapias crônicas, segundo dados do IQVIA no relatório do BTG. A previsão é de um avanço de 10% em 2025 no varejo farmacêutico, mesmo com desafios econômicos e menor ajuste de preços.

Chegada de genéricos

Outro impacto que deve sustentar a alta do faturamento nas farmácias em 2025 está associado ao volume de investimentos das farmacêuticas para desenvolver cópias dos medicamentos originais para emagrecimento.

A EMS será a primeira empresa a lançar uma versão genérica dessas canetas de emagrecimento no Brasil, como revelou o NeoFeed. Em agosto, começará a distribuir o Olire, para obesidade, e o Lirux, para diabetes, com expectativa de vender 500 mil unidades em 12 meses.

Além da EMS, Cimed, Biomm e Prati-Donaduzzi também devem lançar versões próprias do Ozempic no segundo semestre de 2025, após a expiração da patente da Novo Nordisk.

“Analisando a dinâmica de curto prazo, os dados da IQVIA para maio e junho apontam resultados fortes, apoiando a visão ainda construtiva para o mercado farmacêutico no ano — principalmente impulsionado por medicamentos para gripe e doenças respiratórias”, mostram os analistas do BTG.

Por fim, o BTG destaca a importância crescente dos marketplaces digitais, como Amazon, Magalu e Mercado Livre, na comercialização desses produtos, especialmente no segmento de higiene e cosméticos.