Com a transição energética levando a um aumento da demanda por metais básicos, utilizado na produção de baterias para carros elétricos, a Vale está em busca de um parceiro para colher as oportunidades que este mercado oferece. E também para dividir uma conta estimada em US$ 20 bilhões para conseguir atender o mercado. 

Este é o valor que a mineradora brasileira estima que terá de investir nos próximos dez anos para fortalecer a unidade de metais básicos e aumentar a produção de cobre e níquel, segundo a apresentação que os executivos realizaram nesta quinta-feira, 7 de dezembro, em Nova York, para analistas e investidores. 

“A divisão de metais básicos vai exigir muito capital para atingir os objetivos”, disse Gustavo Pimenta, CFO da Vale, durante o evento. “A divisão precisa ter capacidade de se financiar sem utilizar os recursos da divisão de minério de ferro.”

Tendo o minério de ferro como seu carro-chefe, respondendo por 85% da receita no ano passado, a intenção da Vale é ter um parceiro na área de metais básicos por entender que, além de recursos, ele poderá trazer capacidade técnica e criar incentivos para explorar esses metais, destravando o valor da divisão, que recebeu pouco destaque em anos recentes. 

O plano da Vale envolve elevar a produção de cobre da faixa de 335 mil a 370 mil toneladas por ano prevista para 2023 para 900 mil toneladas por ano até 2030. No caso do níquel, a expectativa é de elevar do intervalo de 160 mil a 175 mil toneladas por ano estimadas para 2023 para 300 mil toneladas anuais em 2030. 

Segundo Eduardo Bartolomeo, CEO da Vale, a companhia tem sido consultada por interessados, alguns apresentando propostas não vinculantes, sem dar indícios sobre quem são. 

Ele destacou que, embora o melhor caminho seja criar uma nova estrutura para metais básicos, por se tratar de um negócio distinto ao minério ferro, com ampla avenida de crescimento, a Vale vai analisar com calma as propostas e não fará um acordo se não for bom em termos financeiros ou de forma estratégica. 

“Estamos na condição de escolher, e se não encontrarmos o parceiro certo vamos seguir em frente sozinhos”, afirmou Bartolomeo. 

Os planos da Vale ficaram conhecidos há cerca de dois meses, depois que o jornal britânico Financial Times informou que ela contratou assessores financeiros para vender uma fatia minoritária na divisão. 

Na ocasião, a empresa confirmou a contratação de assessores financeiros para avaliar alternativas para destravar valor no negócio a longo prazo, mas informou que nenhuma decisão foi tomada. 

Na apresentação aos analistas, os executivos da Vale divulgaram um pouco mais de detalhes da parte de governança. O primeiro deles é que o investidor minoritário terá até 10% da empresa, enquanto a Vale terá 90%. 

A empresa contará com um conselho de administração composto por executivos da Vale e também por executivos com experiência em mineração e veículos elétricos. Não foram informados quantas pessoas terão nesse conselho, nem sua composição. 

Com esta estrutura, a Vale espera conseguir se posicionar em um mercado em franco crescimento. Na apresentação aos analistas e investidores, a empresa informou que a transição energética resultará num aumento de mais de 50% na demanda por total por níquel e de 25% na busca por cobre até 2030. 

Por volta das 15h01, as ações da Vale recuavam 4%, a R$ 84,50. No ano, elas acumulam alta 18,4%, levando o valor de mercado para R$ 394,3 bilhões.