Com vencimentos que variam de quatro semanas a três meses, os títulos de curto prazo do Tesouro americano, também conhecidos como T-bills, são vistos como uma espécie de porto seguro para os investidores. E têm sido, cada vez mais, o “refúgio” de um dos principais nomes desse mercado.
Gestora do megainvestidor e bilionário Warren Buffett, a Berkshire Hathaway alcançou um volume de nada mais nada menos que US$ 234,6 bilhões em T-bills no fim do segundo trimestre. E um outro dado, compilado pela rede americana CNBC, reforça a magnitude desse movimento.
Com essa cifra, a gestora do Oráculo de Omaha detém agora mais títulos de curto prazo do tesouro americano que o Federal Reserve (Fed). No fim desse mesmo intervalo, o banco central americano tinha US$ 195,3 bilhões em T-bills.
Historicamente, o Fed sempre figura na lista dos maiores detentores de títulos do Tesouro americano, como parte de seus esforços para manter a liquidez nos mercados. E, durante a pandemia, reforçou sua posição como um dos grandes compradores da dívida do governo do país.
Foi também no fim do primeiro ano da crise da Covid-19, em uma reunião com acionistas da Berkshire Hathaway, que Buffett disse “never bet against America” (nunca aposte contra a América), ressaltando o poder de recuperação dos Estados Unidos. Agora, ele reforça essa “crença” com as T-bills.
No último mês de maio, em reunião com os acionistas da Berkshire Hathaway, Buffett já havia cantado essa bola. Na ocasião, ele disse que o caixa e as T-bills da gestora cresceriam para um volume de mais de US$ 200 bilhões no segundo trimestre.
“Gostaríamos de gastar esse dinheiro, mas não faremos isso a menos que pensemos que realmente há algo com muito pouco risco e que pode nos render muito dinheiro”, afirmou Buffett, na oportunidade, segundo a FactSet.
Ele acrescentou, na época: “Eu não me importo nem um pouco, nas condições atuais, em aumentar a posição de caixa”, observou. “Quando olho para as alternativas disponíveis no mercado de ações e olho para a composição do que está acontecendo no mundo, acho isso bem atraente.”
Nesse contexto, não é de hoje que a Berkshire Hathaway vem reduzindo ou se desfazendo de algumas participações em seu portfólio de ações. Mas esse movimento ganhou ares de liquidação nas últimas semanas, quando a gestora acelerou essas vendas.
É o caso da Apple, a grande “estrela” desse pacote. Dados divulgados no sábado, 3 de agosto, mostram que a Berkshire Hathaway vendeu cerca de 390 milhões de ações da empresa da maçã desde o fim de 2023, o que representa quase a metade da fatia que detinha na operação, segundo o Financial Times.
Em outro exemplo ilustre desse portfólio, a gestora também vendeu US$ 3,8 bilhões em ações do Bank of America em 12 pregões consecutivos na segunda quinzena de julho. Com isso, sua participação no banco foi reduzida a 12,1%. A Berkshire seguiu a mesma direção em nomes como a chinesa BYD, de carros elétricos.
Como um resultado dessa orientação, as vendas de ações ajudaram a Berkshire Hathaway a alcançar o recorde de US$ 277 bilhões em reservas de caixa no segundo trimestre, adicionando US$ 88 bilhões entre abril e junho e batendo a marca anterior de US$ 189 bilhões.