Seis meses após Andrea Salgueiro deixar o comando da Whirlpool Brasil, a dona das marcas Brastemp, Consul e KitchenAid optou por uma solução caseira para assumir o cargo vago.
Nesta sexta-feira, 19 de maio, Gustavo Ambar, que está na companhia desde agosto de 2018, foi anunciado como novo gerente-geral do Brasil. Ele, que é vice-presidente de estratégia de vendas e operações de negócios para o Brasil, irá assumir o cargo em 1º de junho e sua primeira missão será retomar o crescimento das vendas no curto prazo.
“Tenho uma missão estrutural que é voltar com a demanda a patamares mais altos, como no período da pandemia e no período de 2011 e 2014”, diz Ambar, em entrevista ao NeoFeed. “Neste instante, nossas grandes prioridades são investir em produto, marca e na relação com o consumidor."
A Whirlpool Brasil vem de um ano complexo, fechando 2022 com a primeira queda de vendas desde 2018, quando a empresa passou a operar sem a fabricante de compressores Embraco, vendida para o grupo japonês Nidec.
A receita líquida de vendas totalizou R$ 10,7 bilhões, queda de 5,1% ante o resultado de 2021. O lucro líquido caiu 57,5%, para R$ 418 milhões.
Ainda que a Whirlpool Brasil tenha começado o ano com uma queda de 2,7% da receita líquida, para R$ 2,6 bilhões, e o lucro tenha caído 44%, a R$ 69 milhões, ambos em base anual, Ambar vê elementos que indicam uma melhora da demanda a partir do segundo semestre.
“Macroeconomicamente, temos visto o desemprego com números melhores e os juros com indícios de uma potencial redução”, afirma o novo gerente-geral do Brasil a partir de junho.
Para aproveitar essa recuperação no segundo semestre de 2023, Ambar diz que a Whirlpool vem, desde o ano passado, lançando novos produtos, como uma nova linha de lava-louças, e versões modernas e atualizadas de outros itens, como refrigeradores.
O executivo quer também expandir os negócios para além dos principais produtos, que são refrigeração, lavanderia e fogão, destacando que esse é um plano mais de médio e longo prazo. Ambar não informou quanto os principais eletrodomésticos representam em termos de receita, mas na América Latina eles chegam na casa dos 90%.
A ideia é incentivar a compra de outros produtos, como cooktops, purificadores de água e cervejeiras, além de serviços, a exemplo da venda de peças, instalação e financeiros. “Queremos ter outras soluções de receita que não se limitem aos principais eletrodomésticos”, afirma Ambar.
Junto a essas iniciativas para expandir a receita, Ambar diz que também pretende manter um olhar atento sobre despesas e investimentos. O executivo afirma que a companhia pretende ser um pouco mais austera em relação a investimentos e outros gastos, até que a demanda do mercado destrave mais.
A Whirlpool vem de um ciclo de investimento robusto. Em 2021, a empresa anunciou um aporte de R$ 240 milhões no aumento da sua capacidade de produção. A empresa conta com três fábricas no País. Uma está em Joinville (SC), onde produz refrigeradores; outra, em Rio Claro (SP), onde fabrica fogões e máquinas de lavar; e, por fim, em Manaus (AM), de onde saem aparelhos de ar-condicionado.
A escolha de Ambar vem em seguida à reestruturação promovida pela Whirlpool no comando de suas operações na América Latina. Depois de 27 anos de casa, o brasileiro João Carlos Brega deixou os cargos de vice-presidente executivo e de presidente da Whirlpool Latin America no fim de março, com previsão de sair do grupo em abril de 2024.
Para o seu lugar foi escolhido Juan Carlos Puente, vice-presidente executivo da Whirlpool Corporation e presidente da Whirlpool Latin America, a quem Ambar responderá a partir de junho.