Quando fundou a Archa ainda em 2017, Raphael Tristão e Anna Rafaela Torino tinham como ideia central a criação de uma comunidade de arquitetos e designers de interiores. O plano era reunir a maior quantidade de dados do setor. De posse dessas informações, seria possível abastecer indústrias de diferentes tipos sobre os materiais e itens mais utilizados por esses profissionais em seus projetos, tais como Electrolux, Suvinil e Camicado.

Essa ideia acaba de levantar um aporte pré-seed de R$ 2,5 milhões liderado pela ACE Ventures e que contou com a participação do Funses (fundo de investimento soberano do Espírito Santo) e da gestora capixaba Bbutton Ventures. ACE e Bbutton investiram R$ 1 milhão cada, enquanto o fundo soberano entrou com um cheque de R$ 500 mil.

O dinheiro está sendo usado para construir a plataforma online que ajuda na contratação de arquitetos pela internet. Chamada de Archabox, ela realiza a precificação e a concorrência de projetos arquitetônicos para empresas e residências.

O cliente interessado na reforma recebe três pré-projetos feitos por arquitetos que pertencem a uma comunidade criada pela Archa e que atendem às suas demandas. Para isso é preciso dar uma entrada de 50% do valor final, que fica em torno de R$ 15 mil. O restante é pago apenas se o cliente quiser continuar com a reforma e escolher um dos três projetos selecionados. A Archa, por sua vez, fica com uma fatia de 25% da venda final.

“Queremos digitalizar e dar escala para as indústrias e empresas que querem se conectar com os arquitetos, que por sua vez estão marginalizados”, diz Raphael Tristão, CEO e cofundador da Archa, em entrevista ao NeoFeed. “Com essa frente, começamos a olhar para o consumidor final e conseguimos dar mais possibilidades para o arquiteto”

Para o futuro, Tristão afirma que espera que essa frente se torne o carro-chefe do negócio. Para isso, a companhia tem um plano de rentabilizar a plataforma também ao ganhar dinheiro com os itens que são utilizados nos projetos. Por exemplo, um projeto que usa um sofá de uma determinada marca poderá render um take rate para a Archa caso aquele móvel seja realmente comprado. Essa estratégia ainda está em estudo.

A maquete de negócio da Archa

Desde que foi lançada, a plataforma já foi utilizada para a criação de mais de 900 projetos, mas não há dados de quantos desses realmente foram contratados pelos clientes. Os desenhos para bares, restaurantes e lojas são os mais procurados. Projetos de stands de eventos também estão em alta, segundo o executivo. O público-alvo é formado por pequenas e médias empresas.

Raphael Tristão, cofundador da Archa

Enquanto essa vertical ainda não ganha tração, a Archa segue se apoiando em sua operação de dados. Na prática, a startup fornece aos 48 mil arquitetos de sua base um plugin gratuito dentro da plataforma SketchUp (programa utilizado por arquitetos para a produção dos projetos).

O plugin traz blocos 3D de produtos reais de fabricantes nacionais. A partir do uso dos blocos, a startup consegue identificar tendências e abastecer o mercado com informações.

“A gente veio acelerando a construção dessa plataforma com o objetivo de mapear as informações de transação dos arquitetos e disponibilizar esses dados para a indústria”, diz Tristão. “As empresas conseguem ver quais itens são mais utilizados nos projetos em uma determinada região, quais acessórios estão em alta, entre outros dados.”

A Archa não é a única startup que está tentando construir um negócio junto a arquitetos. Empresas como Casoca e ArqDesign também vendem suas operações como marketplaces de arquitetos. Em relação ao fornecimento de blocos 3D, a referência é a americana Material Bank, que já levantou mais de US$ 323 milhões com investidores como Bain Capital, Brookfield Growth, FJ Labs, entre outros, segundo o Crunchbase.

Do lado da ACE, este é o terceiro investimento da gestora neste ano e a previsão é realizar outros 20 aportes em 2023. Ao todo, a frente de venture capital da operação já realizou mais de 145 aportes com 27 exits. No começo deste ano, a holding que concentra também uma consultoria de inovação passou a operar como uma boutique de M&As.