Em sua terceira aquisição, a Netspaces, que atua em tokenização de imóveis no Brasil, anunciou a compra da Studio 360, startup gaúcha de SaaS para o mercado imobiliário. A operação foi realizada por meio de uma combinação de capital financeiro e troca de ações. Os valores exatos não foram revelados, mas a companhia afirma que foram gastos mais de R$ 10 milhões em dinheiro.
A Studio 360 possui uma base de mais de 350 incorporadoras espalhadas por todo o Brasil, para as quais oferece ferramentas digitais que apoiam em todo o processo de vendas — incluindo gestão de leads, propostas, reservas e assinatura de contratos. A plataforma também é utilizada por cerca de 25 mil corretores.
Com a aquisição, a Netspaces pretende utilizar essa base de clientes e usuários para escalar seu modelo de tokenização, passando a oferecer a essas incorporadoras a opção de lançar e comercializar imóveis já no formato tokenizado. Até então, a Netspaces tinha 15 incorporadoras em sua base.
“Agora, essa oferta será estendida para as outras 350 incorporadoras que trabalham com a Studio”, diz Andreas Blazoudakis, fundador e CEO da Netspaces.
A equipe de cerca de 20 pessoas da Studio 360 será mantida. Também serão mantidas a estrutura e o relacionamento com clientes, com o negócio assumindo o papel de principal porta de entrada de incorporadoras para a Netspaces. O que muda é o nome da empresa adquirida, que passa a se chamar Bloco.
“Vimos que haveria várias sinergias entre os negócios e entendemos que a soma das duas forças geraria um resultado 20 vezes maior do que separadas”, afirma Felipe Perini, fundador da Studio 360.
Com a aquisição da Studio 360, a Netspaces passa a contar com pontos de venda em mais de 200 espalhadas pelo país, como em Santarém, Mossoró e Caxias do Sul. Essa rede representa a base comercial da companhia — essencial para viabilizar a expansão da tokenização. Segundo Blazoudakis, essa frente costuma operar com cerca de um ano de antecedência em relação à tokenização efetiva dos imóveis.
“Eu só consigo tokenizar um imóvel lá em Mossoró, se eu tiver alguém lá em Mossoró, na minha rede, para poder fechar um contrato com uma incorporadora. A rede comercial anda na frente e a rede de tokenização vem atrás”, explica.

A partir do ano que vem, os clientes da agora Bloco deverão ter acesso à opção de tokenizar seus imóveis diretamente pela plataforma. A funcionalidade permitirá que, com apenas um clique, a incorporadora publique o imóvel como “tokenizável”, sinalizando aos corretores que aquele produto já está apto a ser comercializado em formato digital.
“Se o incorporador clicar nesse botão, o corretor que receberá o imóvel verá que ele tem um selinho de propriedade digital — ou seja, ele é tokenizável”, diz Blazoudakis.
A principal vantagem para quem compra um imóvel tokenizado, disse Blazoudakis, está na eficiência operacional e na flexibilidade futura com novos tipos de transação.
Após a tokenização, o imóvel poderá ter seus direitos movimentados por meio de cessão, colateral em garantia de financiamentos, doação, compra e venda, entre outros, com incidência de custos das plataformas digitais, que normalmente oscilam entre 1 e 1,5%.
Para o incorporador, a Netspaces garante que a tokenização dá direito a uma participação nas vendas futuras do imóvel. Isso acontece porque, ao tokenizar o ativo, é possível programar um royalty que permanece atrelado à unidade mesmo após a sua venda.
“Hoje, esse é um negócio de churn 100%, porque a partir da venda, o incorporador perde o ativo e o cliente. Com a tokenização, há uma relação com o cliente já após a venda do imóvel".

Já a Netspaces recebe as taxas pelos serviços digitais prestados em novas transações envolvendo o ativo, como as de crédito. "Ganhamos taxas de novos serviços que não seriam possíveis no mundo dos imóveis tradicionais. Então não substituímos ninguém na cadeia, criamos novos tipos de transações", diz o CEO.
Com a aquisição, a Netspaces passa a contar com uma estrutura de distribuição que supera 200 pontos de venda espalhados pelo país. Essa rede representa a base comercial da companhia — essencial para viabilizar a expansão da tokenização. Segundo Blazoudakis, essa frente costuma operar com cerca de um ano de antecedência em relação à tokenização efetiva dos imóveis.
“Eu só consigo tokenizar um imóvel lá em Mossoró, se eu tiver alguém lá em Mossoró, na minha rede, para poder fechar um contrato com uma incorporadora. A rede comercial anda na frente e a rede de tokenização vem atrás”, explicou.
A compra da Studio 360 é a terceira realizada pela Netspaces desde o ano passado, somando-se à aquisição da Insignia — empresa de tokenização da Housi — e à joint venture com a CF Inovação, responsável pelos softwares do Creci.
Essas operações foram financiadas por meio de captações iniciadas no ano passado. Ao todo, a empresa já levantou R$ 18 milhões junto a cerca de dez investidores regionais do mercado imobiliário a um valuation de R$ 113 milhões.
As aquisições, no entanto, não devem parar por aí. Segundo Blazoudakis, outras duas compras devem ser realizadas até o fim do ano dentro da área de crédito. A ideia, disse, é começar a tokenizar dívida dentro do mercado imobiliário. “É a única esteira que falta. Queremos formar um grupo grande especializado em tokenização imobiliária.”