Ao longo de sua trajetória, o empresário Flávio Augusto da Silva investiu em diversas empresas para criar a Wiser, uma holding de educação focada em empregabilidade que deve faturar R$ 500 milhões em 2022.
O negócio mais recente, em outubro deste ano, foi um aporte de R$ 70 milhões na Conquer, uma edtech com cursos digitais voltados para área de negócios e habilidades, como liderança, inteligência emocional ou comunicação – o segundo realizado na empresa (o primeiro foi de R$ 50 milhões).
Além da participação na Conquer, a Wiser também comprou participação na Aprova Total, curso preparatório para Enem e vestibular, e na Eu Militar, de preparação para concurso militar. A holding reúne ainda as marcas Wise Up Online, Wise Up, Number One, meuSucesso.com, Power House, Vende-C e Buzz.
Agora, Flávio Augusto, como ele é chamado no meio empresarial, está começando a investir em uma nova classe de ativos: a de startups em estágio inicial. Ela acaba de investir em um dos pools da Bossanova Investimentos, a gestora de João Kepler, Janguiê Diniz e Thiago Nigro, o Primo Rico.
“Nunca foi meu core investir em startups. Mas é um deal flow para mim. De certa forma, posso ser um comprador mais para frente”, diz Flávio Augusto, ao NeoFeed, referindo-se ao fato de que pretende estar perto de negócios inovadores e disruptivos que possam ser adquiridos pela Wiser.
Flávio Augusto não é um caso isolado de empresários, celebridades, esportistas e influenciadores que estão investindo em startups no Brasil. No caso da Bossanova, que tem R$ 500 milhões de ativos sob gestão, essa é uma estratégia da gestora para não só atrair cheques para os seus pools, como são chamados grupos privados de co-investidores, como também conectar esses nomes ao ecossistema de empreendedorismo.
“O venture capital é uma caixa preta. Estou abrindo para esse público”, afirma Kepler. “E, ao mesmo tempo, eles querem ser conhecidos fora de suas bolhas.”
Investem nos pools da Bossanova nomes como Nathalia Arcuri, especialista em finanças e dona do site Me Poupe!; o nadador Thiago Pereira, recordista em medalhas nso jogos Pan-Americanos; o médico Roberto Shinyashiki; Bruno Perini, do canal “Você MAIS Rico”; Joel Jota, ex-atleta da seleção brasileira e treinador de alta performance, CEO da Jota Company e empresário; e a cantora sertaneja Simone, entre diversos outros nomes.
Além desses, o empresário Janguiê Diniz, fundador da Ser Educacional, e Thiago Nigro, o Primo Rico, são sócios da Bossanova. O próprio Flávio Augusto é uma celebridade na internet, com quase 4 milhões de seguidores no Instagram.
No total, a Bossanova montou mais de 60 grupos, organizados na forma da figura jurídica de Sociedade em Conta de Participações (SCP), que levantam entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões para investir em startups focadas em um nicho que pode ir de esportes, a fintechs até edtechs e healthtechs.
O grupo no qual Flavio Augusto participa é o Pool Primo, que reúne influenciadores ligados a Nigro e já investiu em mais de 20 startups. O pool tem R$ 17 milhões para investir e já alocou uma boa parte desses recursos. O portfólio inclui a Trakto, que faz designs para redes sociais; a insurtech Granto; e o aplicativo de leitura de livros Skkelo, entre outros negócios.
“Gosto de estar envolvido com empreendedorismo”, diz Flavio Augusto, que embora não seja uma obrigação ao investir na Bossanva diz que vai também se envolver com mentorias com as startups do portfólio.
Com essa estratégia, a Bossanova quer repetir algo que se tornou comum fora do Brasil, principalmente nos Estados Unidos: celebridades, artistas e esportistas que se aventuram a investir em starutps.
Não são poucos os exemplos lá fora. Os nomes mais conhecidos são do ator Ashton Kutcher, que fundou a A-Grade Investments, e de jogador de basquete Lebron James, que tem mais de 13 investimentos em startups, segundo a CB Insights. Hoje, seu patrimônio é estimado em mais de US$ 1 bilhão.
A lista inclui ainda Serena Willians, que acaba de criar a Serena Ventures, um fundo de mais de US$ 100 milhões, e o jogador argentino Lionel Messi, que lançou a Play Time, veículo que investirá em esportes, mídia e tecnologia globalmente e será conduzido por dois veteranos do Vale do Silício.
No caso da Bossanova, de acordo com Kepler, há um trabalho de educação deste público para investir nesta nova classe de ativos. Em um momento em que os juros estão altos – e os riscos de investir em startups são altos – Kepler diz que recomenda investir apenas 5% do patrimônio.
O foco é sempre em startups em estágio bem inicial, algo que marcou a trajetória da Bossanova, que já investiu em 1.640 startups de forma direta e indireta, tem 85 saídas e 86 write-offs, o termo técnico para as empresas que não deram certo e foram à falência.