Em novembro do ano passado, a plataforma de empréstimos de criptomoedas Genesis Trading suspendeu os saques após um volume anormal de retiradas. A ação era uma consequência direta do colapso da FTX. Menos de dois meses depois, a Genesis confirma as suspeitas e passa por sua própria crise de liquidez.

Na noite de quinta-feira, 19 de janeiro, a companhia americana entrou com um pedido de recuperação judicial em um tribunal de Nova York. De acordo com os documentos utilizados no processo, a empresa tem dívidas que somam entre US$ 1,2 bilhão e US$ 11 bilhões e mais de 100 mil credores.

Em comunicado, a Genesis informou que foram enviadas três petições separadas, mas que o caso envolve apenas o negócio de empréstimos de criptoativos da empresa. As operações que envolvem derivativos ou a negociação à vista de criptomoedas segue sem impedimentos judiciais.

O pedido de recuperação judicial já estava sendo ventilado no mercado há alguns dias. Recentemente a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) entrou com uma ação contra a Genesis e sua ex-parceira, a Gemini – corretora fundada por Cameron e Tyler Winklevoss – relacionada a oferta e venda não registrada de títulos.

Dessa forma, o caso continua virando uma bola de neve, levando agora a Gemini. De acordo com o processo aberto na quinta-feira, a Genesis deve pelo menos US$ 765,9 milhões para a empresa dos irmãos Winklevoss – o que já motivou críticas de um dos gêmeos pelo Twitter.

Em publicação feita recentemente, Cameron Winklevoss afirmou que tanto a Digital Currency Group, holding que controla a operação da Genesis e de empresas como CoinDesk e GrayScale, como o CEO da operação Barry Silbert, “continuam a se recusar a oferecer aos credores um acordo justo”.

Na época que suspendeu os saques, conforme reportado pelo The Wall Street Journal, a Genesis chegou a buscar um resgate de emergência no valor de US$ 1 bilhão junto a investidores. No entanto, a companhia não encontrou ninguém interessado em colocar dinheiro na operação em um momento de crise.

De acordo com a CNBC, além da Gemini, a Genesis também estaria em negociações com credores representados por escritórios de advocacia como Kirkland & Ellis e Proskauer Rose. A identidade dos credores, no entanto, não foi revelada por fontes familiarizadas com o assunto.

A Genesis não é a primeira empresa atingida pelos problemas da FTX a entrar com um pedido de recuperação judicial. Semanas atrás, a corretora BlockFi também entrou com uma ação deste tipo. Também com 100 mil credores, a empresa tinha apenas US$ 257 milhões em caixa e passivo que poderia chegar a US$ 10 bilhões.

Ação de hackers

No mais recente episódio da FTX, a corretora comandada por Sam Bankman-Fried e que causou toda a bola de neve do mercado cripto após ter sido acusada de desviar dinheiro para a empresa-irmã Alameda Research, a companhia agora alegam ter sofrido um ataque hacker.

Em comunicado emitido na última terça-feira, a FTX informou que US$ 415 milhões em ativos cripto foram roubados de contas registradas na exchange. Não há uma identificação clara de quando a ação ocorreu, mas a empresa informou que isso pode estar conectado a uma quebra de segurança dos sistemas da FTX e que foi descoberta ainda em novembro, logo após o colapso financeiro da companhia.