Entre o fim do ano passado e o começo deste ano, a empresária Mariana Dias se reuniu diversas vezes com sua diretoria e com os investidores do negócio para tratar sobre um plano que queria colocar em prática há anos para Gupy, startup que opera com soluções de RH e que já levantou mais de R$ 540 milhões.

Nas conversas, Dias afirmava a necessidade de fazer com que, em 2024, a companhia atingisse seu equilíbrio financeiro. “Um investidor que está com a gente desde o começo nos falava que isso era importante, mas agora o mundo jogou uma nova luz sobre essa necessidade”, afirma Dias, cofundadora e CEO da Gupy, ao NeoFeed.

Ainda que o objetivo seja fazer o breakeven até o fim de 2024, Dias diz que a meta não está cravada em pedra. A empreendedora afirma que a companhia ainda tem pelo menos metade do valor que captou na rodada de série B de R$ 500 milhões liderada por Softbank e Riverwood Capital.

“Tudo depende. Se no meio do caminho acharmos uma grande oportunidade de investimento, e que faça sentido, podemos adiar o breakeven em alguns meses”, afirma a CEO da Gupy. Isso poderia significar, por exemplo, um investimento interno ou uma nova aquisição.

A Gupy não descarta realizar novos movimentos de M&A. “Queremos fortalecer o nosso ecossistema de soluções para o RH”, reforça. Ela não revela onde pretende investir, mas indica que sua startup ainda não atua com serviços de folha de pagamento e benefícios flexíveis.

A ideia de atingir o breakeven neste ano tem relação direta com a diminuição na queima de caixa do negócio nos dois últimos anos. Em 2023, a companhia queimou R$ 12 milhões de seu caixa, uma redução significativa em relação aos R$ 34 milhões registrados em 2022.

Esse valor exclui o que a Gupy usou para fazer aquisições nos últimos dois anos. Após a captação no ano retrasado, a startup iniciou uma onda de M&As que culminou na aquisição das empresas Pulses, Kenoby e Niduu.

Parte dessa redução na queima de caixa está também relacionada às demissões feitas ano passado. Em agosto, a plataforma de recrutamento e seleção demitiu 58 funcionários, o que representava 8,5% do quadro de empregados da empresa na época.

“Hoje a gente não tem uma estratégia de corte, mas sim de produtividade”, afirma Dias. “Depois de três M&As, temos que fazer um esforço para ajudar no treinamento, porque uma coisa é vender um produto, outra é vender três produtos diferentes.”

A startup atende atualmente mais de 4 mil empresas. Entre elas estão Grupo Boticário, Vivo, Sicredi, entre outras. De acordo com dados da Gupy, a companhia detém 42% de market share em empresas com mais de 5 mil funcionários.

O carro-chefe da Gupy ainda é o serviço prestado de recrutamento. Nos últimos anos, com as aquisições realizadas, a companhia evoluiu seu negócio para auxiliar as empresas também nas análises de performance e desenvolvimento dos funcionários e educação corporativa.

Depois de comprar a Kenoby, a Gupy agora mede forças principalmente com a Sólides, outra HRTech que também já levantou mais de meio bilhão de reais em aportes. A americana Deel, que chegou no Brasil em 2021 e recentemente firmou parceria com a LG lugar de gente, é outra concorrente.