É impossível criar uma startup de sucesso sem saber sofrer. Isso é o que diz Uri Levine. Cofundador do Waze, o empresário israelense vendeu o negócio para o Google em 2013, por US$ 1,1 bilhão.

Antes de se tornar o fundador de uma startup bilionária, porém, ele enfrentou alguns problemas – e isso teria sido fundamental para que ele conseguisse criar um unicórnio que revolucionou a indústria de mobilidade e que atualmente tem mais de 150 milhões de usuários ao redor do mundo.

“Se você tem medo de falhar, você já falhou”, disse Levine, em entrevista coletiva realizada nesta quinta-feira, 21 de março, durante o South Summit Brazil, evento que o NeoFeed é parceiro de mídia. “Falhar é parte do processo. Há um ditado japonês que diz: caia sete vezes e levante-se oito.”

A primeira falha veio com o FreeMap, a empresa que antecedeu o Waze e que tinha o mesmo propósito: criar uma forma de navegação inteligente pelas cidades. O problema enfrentado por Levine e por Ehud Shabtai em 2006 era a falta de investidores no negócio.

Naquela época, o FreeMap não funcionava como o Waze. O iPhone ainda não havia sido lançado, assim como a App Store – que criou um mercado bilionário de aplicativos para celular. O negócio parecia frágil para os grandes investidores.

A história, que é retratada no livro “Apaixone-se pelo problema, não pela solução”, lançado no ano passado, mostra como a plataforma mudou ao longo dos anos até ser lançada, oficialmente, em 2009 já sob o nome Waze. “A parte mais difícil de empreender é sempre a próxima”, afirma Levine.

Após o lançamento do aplicativo, a missão era convencer as pessoas a adotarem um serviço que elas mesmas teriam que desenvolver. Isso porque o Waze nasceu de forma colaborativa. Os mapas eram traçados pelos próprios usuários conforme eles trafegavam com a aplicação aberta por diferentes ruas e avenidas.

A coleta de informações é feita até hoje, uma vez que é por meio da localização dos usuários que o aplicativo indica quais ruas estão mais congestionadas e os melhores caminhos para seguir uma viagem.

Durante sua palestra na quarta-feira, 20 de março, Levine afirmou que o Waze passou mais de um ano implementando mudanças em sua plataforma a partir do feedback dos usuários. Enquanto fazia isso, adiou a expansão internacional da operação. “Tudo não passa de tentativa e erro”, disse.

Presente em mais de 185 países, o Waze captou cerca de US$ 67 milhões em investimentos antes de ter sua operação adquirida pelo Google. Entre os investidores do negócio estavam gestoras como Horizon Ventures, BlueRun Ventures e Kleiner Perkins.

Ao comparar as negociações daquela época com o movimento atual de captação feito pelos empreendedores junto aos fundos de investimento, ele disse que este é “sempre um momento difícil”. “Criar valor para seu negócio leva tempo e não há atalhos”, observou.

Para Levine, nem todas as empresas que estão no auge atualmente conseguirão manter a relevância ao longo da próxima década. “Alguns nomes que vão substituir essas companhias nós nunca nem mesmo ouvimos”, afirmou.