Depois de um período de baixa nas captações, o inverno das startups começa a ficar mais brando para as startups da América Latina. Dados do Distrito, obtidos com exclusividade pelo NeoFeed, mostram que as startups da região captaram US$ 369,9 milhões em outubro deste ano.
Somente em agosto (US$ 437,3 milhões) e em junho (US$ 380,6 milhões) o volume de capital investido em startups da América Latina foi maior do que no mês passado. Contudo, o mês de outubro foi o mais movimentado do ano em relação ao número de rodadas realizadas: 72.
Desde o começo do ano, as startups da América Latina já receberam pouco mais de US$ 2,6 bilhões em investimentos contra US$ 7,1 bilhões no mesmo período do ano passado. Considerando somente o Brasil, os resultados de 2022 e 2023 foram de US$ 4 bilhões e US$ 1,6 bilhão respectivamente.
“Diante de todo o contexto macroeconômico, a gente tem um ano de 2023 com números um pouco mais tímidos”, diz Eduardo Fuentes, head de research de Distrito. “A perspectiva para 2024 é positiva. Há uma retomada no volume de investimento e no número de rodadas.”
Para Fuentes, a queda da taxa de juros tem um papel importante nesta retomada do ritmo de investimentos. No começo do mês, o Banco Central reduziu a taxa básica de juros para 12,25% e deu indicação de que poderá fazer novos cortes de meio ponto nas próximas reuniões do Copom.
Ainda que outubro traga uma perspectiva positiva para os próximos meses do ano e para 2024, é preciso destacar que os resultados do mês foram influenciados principalmente pela captação de US$ 200 milhões da QI Tech em rodada de Série B liderada pela General Atlantic. "Foi uma rodada de série B bem acima do normal", diz Fuentes.
Por outro lado, o aporte recebido pela QI Tech reforça um sentimento de que os investidores estão voltando a desembolsar capital para investir em startups. Em agosto, o Gympass captou US$ 85 milhões em rodada liderada pelo fundo EQT Growth. No mesmo mês, a Creditas fez uma segunda extensão de série F no valor de US$ 70 milhões.
Já em relação ao estágio em que os deals foram realizados, 496 dos 633 aportes recebidos entre janeiro e outubro foram realizados em rodadas de investimento anjo, pré-seed e seed. Foram 117 aportes em rodadas de séries A e B outras 20 negociações para investimentos late stage e private equity.
Para efeito de comparação, o número de rodadas no ano passado foi quase o dobro: 1.279, mas a maior parte dos deals (1.021) também foi feito em seed stage. Foram 207 aportes em early stage e outros 51 em late stage.