Enquanto as empresas estão penando para captar novos recursos, no que ficou conhecido com o inverno das startups, os fundos de venture capital nos Estados Unidos estão sentados em cima de US$ 271 bilhões, um volume cinco vezes maior do que há cinco anos.

Isso é o que mostra um estudo de Jon Sakoda, da gestora de venture capital Decibel Partners, que usou dados do Pitchbook e do National Venture Capital Association.

Não se trata, no entanto, falta de disposição de se investir em novos negócios. Mas um sinal de que os cheques estão menores, sinalizando a nova realidade do mercado, após dois anos de exuberância e alta liquidez.

No segundo trimestre deste ano foram feitas cerca de 1,3 mil rodadas de financiamento em startups – número semelhante ao observado no mesmo período do ano passado. O valor alocado, contudo, diminuiu pela metade, somando pouco mais de US$ 10 bilhões no trimestre.

Um exemplo de parcimônia na hora de alocar capital é o da gestora britânica Anthemis Group, por exemplo, deve terminar este ano alocando apenas 25% do capital que desembolsou no ano passado, de acordo com o site americano The Information.

Outro efeito colateral desse cenário é que está mais difícil captar. Mesmo para fundos considerados referência no Vale do Silício, como Andreessen Horowitz, TCV, Insight Partners, Sequoia Capital e Tiger Global.

A Tiger Global captou US$ 2,75 bilhões em seu novo fundo, 55% a menos que previa. A TCV, que previa levantar US$ 5,5 bilhões, chegou a metade desse valor.

A Sequoia Capital, por sua vez cortou o tamanho de dois de seus fundos. O de criptomoeda, cuja previsão era captar US$ 585 milhões, ficou em US$ 200 milhões. O fundo que investe em outras gestoras caiu de US$ 900 milhões para US$ 450 milhões, segundo o The Wall Street Journal.

O Insight Partners reduziu seu próximo fundo de US$ 20 bilhões para US$ 15 bilhões, de acordo com o jornal britânico Financial Times. Mas até agora só conseguiu levantar US$ 3 bilhões.

E essa captação menor tem a ver com a quantidade de capital para investir. Se tem dinheiro sobrando, por que alocar em novos fundos?

As gestoras de venture capital têm sido também mais cautelosas na hora de assinar os cheques. E, em vez de investir em novas empresas, estão preferindo apostar nas que estão em seu portfólio, através de rodadas de follow on.