Em um momento em que o mercado de venture capital começa a dar sinais de recuperação, a Upload Ventures está se dividindo em três gestoras, apurou o NeoFeed com fontes do mercado.
Rodrigo Baer está criando a 14b, que vai focar em startups early stage. Carlos Simonsen está por trás da Upstream, cuja atuação será em growth e crédito. E Mario Moraes terá a UVP (Upload Ventures Growth), que administrará o fundo de US$ 50 milhões ancorado pela TIM.
A divisão acontece em meio a desentendimentos entre os sócios sobre as estratégias, bem como para que possam focar em suas respectivas teses sem conflitos de interesses.
A 14b, por exemplo, nasce com o portfólio de startups early stage da Upload Ventures. O primeiro fundo, de US$ 108 milhões, foi ancorado pelo Softbank e investiu, até agora, em 22 startups. Entre as companhias estão nomes como BotCity, Digibee, Medway, Raiô e Salú.
A tese segue a mesma: fazer cheques seed e série A em startups B2B que possam competir globalmente. A gestora ainda tem capital para investir, mas, segundo fontes com as quais o NeoFeed conversou, uma nova captação está no horizonte em 2026.
A Upstream, por sua vez, vai apostar em uma estratégia que envolve equity e debt. O alvo é emprestar dinheiro para startups que estão em um limbo de captação, mas que são bons negócios, estão em estágio avançado e geram caixa.
Esse é um mercado pouco explorado no Brasil e que tem potencial, pois é pouco atendido por bancos tradicionais, que não entendem os unit economics de startups e, em geral, não dão crédito para essas empresas.
O plano da Upstream é usar funding próprio. Pessoas familiares aos planos da gestora dizem que a empresa pode movimentar até R$ 300 milhões em 2026 nessa estratégia.
Por outro lado, na área de growth, o plano da Upstream é fazer mais single deals, buscando recursos com cotistas a cada negócio, sem a necessidade de levantar um fundo – o que pode acontecer em algum momento de 2026.
Já Moraes, que ficou com o fundo ancorado pela TIM, vai atuar em growth. No portfólio estão empresas como Topsort, Simetrik, \orq e Tractian, esta última avaliada em R$ 4 bilhões em uma rodada de novembro de 2024 liderada pela gestora americana Sapphire Ventures.
O time de sócios de cada gestora ganha também novos nomes. No caso da 14b, cuja inspiração é o avião 14 Bis, de Santos Dumont, se juntam a Baer e Marco Camhaji, Thomas Kuczynski, Carlos Lino e Allan Panossian Kajimoto.
A Upstream, além de Simonsen, tem como sócios Alfredo Hahn e Enrico Katz. A UVP, de Moraes, por sua vez, deve levar a estratégia para a Mission Co., gestora fundada por André Marafon, Leonardo Damião e Peter Marotta Gudme, ex-sócios da Gávea Investimentos.
Na época do boom de venture capital, nos anos 2020 e 2021, muitas gestoras de venture capital surgiram se aproveitando da alta liquidez e da facilidade de captar.
De acordo com uma fonte, há mais de 40 fundos que estão captando recursos com investidores no Brasil. E a maioria deles está com bastante dificuldade de atingir as metas propostas. Só conseguem avançar aqueles com track record.
Mudanças no comando de gestoras de venture capital são mais comuns do que aparenta. As razões são diversas. Mas, em geral, os sócios começam a ter visões divergentes sobre o rumo do negócio e resolvem se separar.
Esse foi o caso da Astella, em que Edson Rigonatti e Laura Constantini resolveram seguir caminhos separados. Outro exemplo é a Redpoint Eventures, cujos três sócios, Anderson Thees, Manoel Lemos e Romero Rodrigues, também se separaram.
Rodrigues, por sua vez, criou a gestora Headline e captou R$ 916 milhões e já reúne um portfólio de 17 empresas investidas. Neste ano, a gestora captou também um fundo para fazer investimentos em rodadas secundárias de startups.
Procurados, Baer e Simonsen não quiseram fazer comentários. Moraes não retornou aos pedidos de entrevista.