Alexandre Zolko é um empreendedor serial que criou oito empresas, como a MyShoes, que vendia calçados e bolsas femininas e foi adquirida pela Arezzo&Co em 2021, a rede de academias Fit2You e a Presenteie App, de envio de gift cards.
Mas a CRMBonus, fundada em 2018, surgiu de uma forma diferente. “A CRMBonus foi a primeira empresa que eu criei sem querer criar”, diz Zolko, cofundador e CEO da startup em entrevista ao Vida de Startup, do NeoFeed.
A ideia era cadastrar os telefones dos clientes para que esses recebessem as promoções diretamente pelos dispositivos. “Eu tive a infeliz notícia de que apenas 15% dos clientes que iam às lojas recebiam as promoções”, afirma Zolko. “Eu precisava controlar isso. Dois meses depois, o engajamento já estava em 80%.”
O faturamento da companhia fundada em 2018 aumentou mais de 20% nos meses que se sucederam e Zolko percebeu que tinha na mão a oportunidade de levar o serviço para outras empresas. “Eu levei essa ferramenta para o mercado com o discurso de que aumentava as vendas das empresas entre 10% e 20% em 100 dias ou devolveria o dinheiro”, afirma.
Zolko descreve a CRMBonus como uma empresa que ajuda outras companhias a aumentaram suas receitas. Isso acontece por meio de soluções digitais baseadas principalmente em giftback, uma espécie de cashback em que o consumidor poderá usar o benefício em um estabelecimento específico.
Naquela época, porém, a startup enfrentou um desafio: operar com um mercado que havia sido fechado por conta da pandemia. “Eu pensava que o negócio só daria errado se todas as lojas do Brasil acabassem, se os shoppings fechassem. Foi o que aconteceu”, diz Zolko. “Quando eu acerto o negócio, começou a chover canivete na minha cabeça.”
A saída encontrada foi apoiar a operação das lojas que ainda continuam vendendo sem o canal físico e abrir o negócio para atender companhias que cresciam no e-commerce.
Deu certo. Tanto que, em outubro de 2021, com mais de um ano de pandemia, a CRMBonus fez uma captação de R$ 280 milhões que a avaliou em R$ 1 bilhão. A rodada foi liderada pelo Softbank e Riverwood Capital e contou com a participação de Igah Ventures e Volpe Capital.
A captação foi obtida com uma discussão sobre a estratégia do negócio entre Zolko e os investidores. Um movimento de gestoras de venture capital durante a pandemia incentivou empresas a adotarem uma política de crescimento agressivo dos negócios, deixando de lado o caixa.
Zolko afirma que foi preciso encontrar um meio-termo entre crescimento e lucratividade para que a companhia não perdesse dinheiro. “Eu concordei com o que eles pediam, mas disse que a empresa não iria queimar caixa. Vamos ter R$ 1 de lucro e sem dividendo. Eles toparam”, afirma.
Com mais de 30 mil clientes, a CRMBonus agora começa a mirar a expansão dos negócios para outras direções. Para isso, existe a possibilidade de que a companhia capte uma nova rodada de investimento ainda neste ano. O NeoFeed apurou que já há conversas com fundos estrangeiros, mas a companhia ainda não comenta o assunto.
O que não deve acontecer tão cedo é a expansão internacional. “O problema não é o dinheiro, é o foco”, afirma. “Eu ainda tenho muito para crescer no Brasil.”