Muitas gestoras estão de olho na pujança do agronegócio, mas poucas conseguem extrair capital dele. O grupo de investimento mineiro Araújo Fontes, com cerca de R$ 3 bilhões sob gestão, criou recentemente uma área de atendimento para clientes com esse perfil para capturar todas as oportunidades.

Como resultado, o segmento de M&A está mais aquecido do que nunca e o wealth management do grupo pretende praticamente dobrar de tamanho até ano que vem. Hoje com R$ 1,3 bilhão, a ideia é chegar a R$ 2,5 bilhões em 2024.

Com sede em Belo Horizonte e escritórios em Pato de Minas, Goiânia, Ribeirão Preto e São Paulo, o grupo criado em 1990 sempre atendeu clientes do agronegócio. A proximidade era vista como um diferencial. Porém, a AF percebeu que estava perdendo oportunidades. Por isso, trouxe o engenheiro agrônomo José Benevides Romano como novo sócio para estruturar um hub de soluções para esse empresário.

“Esse mercado demanda uma atenção especial. Nós recebemos o feedback que muita gente da Faria Lima está vindo atrás, mas não entendem das suas necessidades. Só de gestão de dinheiro. E percebemos que podíamos fazer algo bem melhor”, diz Romano.

A área oferece serviço de assessoria estratégica, mercado de capitais, fusões e aquisições e de wealth management. E, apesar de conhecer mais profundamente os clientes mineiros, querem atender todo o Brasil. A expectativa da empresa é que isso seja uma grande alavanca de crescimento.

“A turma do agro não tem afinidade com o mercado financeiro, mas só tem a ganhar e estamos mostrando isso. O potencial de crescimento é imenso. No início do ano, apenas 10% dos nossos negócios eram ligados ao mundo agro. Já esperamos que em dois anos isso suba para 30%”, afirma Romano.

José Benevides Romano - sócio Araújo Fontes
José Benevides Romano, sócio da Araújo Fontes

O hub agro está com um grande pipeline de emissão de dívida e espera poder gerar bastante liquidez. Quem também espera ganhar com isso é o wealth management da casa, a AF Invest Ultra. Tradicional em Minas Gerais atendendo famílias com pelo menos R$ 3 milhões para investir, a gestora está focada em expansão, e esse público é um dos alvos.

“O cliente mineiro, assim como o do agro, é desconfiado, só gosta de fazer negócios com quem confia. Ter um hub que faz tudo para ele torna muito mais fácil. Em um momento de liquidez, ele traz o dinheiro para a gente”, afirma Daniel Dayrell Chernicharo, responsável pela AF Invest Ultra, braço de wealth management da boutique de investimentos da Araújo Fontes.

Para ele, esse perfil de cliente é diferente dos demais porque seu patrimônio se confunde com o seu negócio. Por isso, soluções simples de gestão de recursos não são a resposta.

“Uma família desse segmento usa muito o seu capital para a sua produção, então a gestão familiar se confunde com a gestão das empresas. Mas é importante consolidar as coisas, e entender que a fazenda é um gerador de riqueza, mas também mostrar que liquidez é segurança”, diz Chernicharo.

Com a nova empreitada, o family office espera dobrar de tamanho até o fim de 2024 e chegar aos R$ 2,5 bilhões sob gestão.

“Sabemos do nosso diferencial nesse segmento, mas que agora está estruturado e vamos buscar mercado de forma orgânica”, completa.