A Davos Financial Partnership, grupo que nasceu como escritório private de assessoria de investimentos ligada à XP em 2018, hoje com R$ 4,5 bilhões sob assessoria, recebeu na semana passada a autorização para constituir sua gestora de patrimônio.

O foco são clientes com pelo menos R$ 30 milhões em liquidez que busquem uma gestão mais personalizada e um atendimento mais global.

O novo braço é liderado por Sérgio Seabra, ex- Citi Bank e Itaú Private, que se juntou a Davos com a união da assessoria de investimentos Étre, finalizada no mês passado.

A operação vai seguir o modelo fee based multiplataforma discricionário, e já estão em conversas para entrarem nove famílias que somam R$ 800 milhões. A meta é chegar aos R$ 10 bilhões sob assessoria até 2026, tanto pelo crescimento orgânico, como através de fusões e aquisições.

Para Thiago Nunes, sócio-fundador da Davos Investimentos, haverá uma migração do modelo de corretagem para o fee fixo, como ocorreu nos Estados Unidos, e é preciso acompanhar essa tendência.

“O Brasil está bastante atrasado no modelo comercial. Lá fora é metade fee fixo, metade comissionado. Aqui é 95% comissionado. Isso vai acontecer no Brasil, apesar de demorar algumas décadas, mas já estamos atentos a esse movimento”, diz Nunes.

Segundo ele, outra vantagem desse modelo de gestão é que não há disputa pelo share of wallet, já que se atende todo o portfólio do cliente em qualquer plataforma que o dinheiro esteja.

“Não dá para achar que as famílias de grandes fortunas vão concentrar o dinheiro delas em um lugar. Na gestora de patrimônio, a gente não o obriga a ter a custódia em um lugar específico, mas atendemos ele nos inúmeros bancos que ele tiver aqui e no exterior”.

Estão na mira clientes de todo o país, mas principalmente onde a Davos tem escritório e mais relacionamento: São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Campinas e Miami (EUA).

O braço de advisors nos Estados Unidos foi criado no ano passado em parceria com a XP Securities e a ideia é que agora, com a gestora de patrimônio, seja possível cuidar de parte do portfólio que está em bancos gringos.

“Estamos construindo parcerias com bancos lá como temos aqui para cuidar de todo o portfólio do cliente. Vimos bancos americanos encerrando as operações de private para latinos e corretoras independentes crescendo. Queremos capturar esse movimento”, afirmou Kátia Alecrim, sócia-fundadora da Davos Investimentos.

Para a Davos, fundada como a assessoria de investimentos que atende clientes a partir de R$ 1 milhão, o lançamento da gestora significa completar um ecossistema importante e planejado, que já conta com área corporate, a corretora de seguros e o braço offshore.

“Estamos em posição de consolidador do mercado e queremos nos juntar principalmente aos escritórios que não têm um ecossistema e que vejam valor de se juntarem a ele”, afirma Alecrim.

E a busca por tamanho está alinhada a encontrar um sócio capitalista que possa ajudar na aceleração desse crescimento.  "Nos preparamos para isso e acreditamos que ficamos prontos com o amadurecimento da regulação. Agora só falta buscar o crescimento”, diz Alecrim.