Califórnia - Os empreendedores Ivan Zhao e Simon Last trabalhavam juntos em uma plataforma online para empresas. Em 2015, a startup começou a apresentar problemas e os dois quase ficaram sem dinheiro. Zhao chegou a escrever que teve que pedir ajuda para sua mãe na época.

A dupla, então, demitiu os quatro funcionários, alugou o escritório de São Francisco e foi morar em Kyoto, no Japão.

A cidade japonesa lhes obrigaria a focar, já que ninguém ao seu redor falava inglês: era viver para programar e programar para viver. Pouco tempo, os dois voltaram para os Estados Unidos e criariam a Notion Labs, que desenvolve um aplicativo que gerencia e compartilha informações de funcionários.

"Era algo que eu já tinha na cabeça, desde os tempos de faculdade, quando eu ajudava meus colegas a criar seus sites e apps”, disse Zhao, de 32 anos, em entrevista ao NeoFeed. “Então decidi construir uma ferramenta que permitiria que até aqueles que não sabem nada de programação a resolverem seus próprios problemas."

O aplicativo foi lançado oficialmente em 2016, prometendo convergir tudo, desde o Google Docs até ferramentas de gerenciamento de tarefas, como Trello. Em 2018, o app ganhou uma ferramenta de planilhas.

"Ser avaliado como um unicórnio é maravilhoso, mas vem com alguns trabalhos", diz Zhao

Hoje, a Notion Labs se transformou numa das startups mais quentes do Vale do Silício, segundo o The Information, publicação online que cobre esse universo nos Estados Unidos.

Com mais de um milhão de usuários ativos, a plataforma conseguiu levantar US$ 10 milhões junto a investidores-anjos. Entre eles está Daniel Ross, ex- Y Combinator, uma das aceleradoras mais importantes dos Estados Unidos.

O que impressiona, neste aporte, é que os investidores ficaram com apenas 1% da empresa, algo pouco comum em negócios como esse. Mais: avaliaram a startup em US$ 800 milhões.

Faltou, portanto, pouco para que a Notions Labs se tornasse um unicórnio. Mas Zhao considerou a avaliação não só justa, como positiva.

Ilustração de Ivan Zhao, fundador da Notion

"Ser avaliado como um unicórnio é maravilhoso, mas vem com alguns trabalhos: pedidos dos investidores, da imprensa, de emprego, etc.”, afirma o empreendedor. “Tudo isso é ótimo, mas pode ser uma distração. Estamos realmente focados em fazer uma produto excepcional."

Dessa vez, o dinheiro dos investidores não chegou para apagar incêndios. Ao contrário. Zhao garante que a receita da Notion Labs está crescendo e que a startup opera no lucro desde o começo deste ano.

Sem revelar números, o empreendedor afirma que pretende agora dedicar parte dos recursos aportados em projetos ligados ao marketing, num esforço de conhecer seus consumidores e trabalhar na expansão de mercado.

Uma das tarefas é tornar a Notion Labs mais conhecida. Muita gente associa o Notion ao Slack, mas Zhao garante que eles sequer são competidores.

"A gente mesmo chama a Notion de ‘a metade da laranja do Slack”, diz Zhao, deixando claro que uma ferramenta complementa a outra, e não substitui.

O empreendedor confessa usar o Slack no próprio escritório, salientando que seu produto é mais aplicável para comunicação não-sincronizada – quando nem toda a equipe está online, ao mesmo tempo.

Vale lembrar que o Slack fez sua estréia na bolsa ainda este ano, com uma avaliação de US$ 17 bilhões. As ações da empresa dispararam logo pós-IPO, e agora cada título é negociado por pouco mais de US$ 31.

Para ganhar dinheiro, a Notion Labs segue uma regra comum no Vale do Silício. Dá uma versão gratuita, com alguns recursos e cobra por versões mais sofisticadas. Os preços podem variam de US$ 4 ao mês chegando até US$ 20.

Ainda que todas as operações da empresa estejam concentradas em São Francisco, o acesso da Europa e da Ásia é admirável. O Brasil é o país com o maior número de usuários da rede na América Latina.

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