Há dois anos, a Parcela Mais nasceu com o plano de preencher a lacuna entre o sistema público e os planos de saúde, ao financiar procedimentos médicos, estéticos e, em especial, odontológicos. Após validar esse modelo, a fintech está reforçando sua carteira para ir além dos implantes, cirurgias plásticas e afins.
A startup catarinense antecipou ao NeoFeed a conclusão da sua primeira captação, no valor de R$ 45 milhões. Os recursos estão sendo aportados pela SRM Ventures, braço de venture capital da SRM Asset, gestora focada na estruturação de fundos de investimento em direitos creditórios (FIDCs).
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“Não faz sentido nos restringirmos ao financiamento dos pacientes. Temos uma matriz de pagamentos e de gestão financeira para explorar”, diz André Martini, cofundador e CEO da Parcela Mais, ao NeoFeed. “Essa captação é fundamental no nosso plano de ser o ‘Banco das Clínicas’”.
Essa visão mais ampla e, ao mesmo tempo, centrada em um nicho – no caso, as clínicas odontológicas –, dialoga diretamente com a tese da SRM. E pesou para que a fintech fosse escolhida para receber uma parcela do fundo de R$ 500 milhões captado pela gestora para apoiar projetos com essa orientação.
“É muito mais eficiente ser o banco das clínicas do que se posicionar como um generalista, um banco da saúde, por exemplo”, afirma André Szapiro, head da SRM Ventures. “E, além disso, o mercado brasileiro odontológico brasileiro é gigantesco e há um gap enorme entre o mercado privado e o SUS.”
Com mais de 50 mil clínicas, o mercado brasileiro de odontologia movimenta, anualmente, cerca de R$ 11 bilhões, segundo dados da consultoria Statista. Atualmente, a Parcela Mais tem 1,5 mil clínicas em sua base e abocanha apenas uma fatia dessas receitas.
A startup, que tem uma carteira de mais de R$ 10 milhões, oferece crédito, num modelo B2B2C, para os pacientes custearem desde tratamentos dentários – que respondem por mais de 50% das operações – até procedimentos estéticos e médicos, como cirurgias bariátricas, plásticas e oftalmológicas.
O tíquete médio dos financiamentos é de R$ 5 mil e o teto é de R$ 30 mil. Os prazos, por sua vez, podem chegar a até 24 meses e as taxas cobradas variam de acordo com o procedimento e o score do paciente, avaliado por um arsenal de algoritmos e APIs próprias.
Com o aporte, a Parcela Mais projeta chegar a uma base de 10 mil clínicas, em dois anos. E sair de uma média atual de R$ 1 milhão originado a cada mês para um volume mensal de mais de R$ 10 milhões, superando, assim, a marca de R$ 100 milhões por ano até o fim de 2024.
Além de fornecer o funding para esses procedimentos, a ideia é que a injeção de recursos da SRM Ventures financie a abertura de novas modalidades no portfólio da companhia, voltadas diretamente às clínicas e consolidando, na prática, uma frente B2B na fintech.
“Não faz sentido focarmos só no acesso aos procedimentos quando temos muitas outras dores para resolver”, diz Martini. “E, nesse contexto, o B2B abre uma oportunidade de mantermos uma relação de longo prazo, com um LTV (Lifetime Value) muito maior.”
Nessa direção, a fintech avalia a entrada em áreas como adquirência e sistemas de gestão financeira das clínicas. Mas já ampliou seu portfólio recentemente com a automação da gestão de pagamentos e de cobrança, e o lançamento de ofertas como antecipação de recebíveis e crédito para capital de giro.