O Magazine Luiza fez uma difícil escolha no terceiro trimestre. Voltou a ter uma operação lucrativa, mas com o custo de deixar de crescer. Ao divulgar o balanço do período, a rede varejista entregou para o investidor um lucro líquido de R$ 331,2 milhões - frente a um prejuízo de R$ 190,9 milhões no mesmo período do ano passado. Mas a receita recuou.
A queda de 1,5% na receita bruta do período, para R$ 10,6 bilhões, foi justificada pelo menor volume de vendas nas categorias de bens duráveis. Já em relação à receita líquida, a queda de 2,6%, para R$ 8,6 bilhões, foi relacionada ao aumento das deduções sobre a receita bruta, que passaram de 18,1% para 18,9%.
“Para chegar neste nível, tivemos que fazer escolhas para focar mais nas margens e menos no crescimento”, diz Roberto Bellissimo Rodrigues, CFO do Magazine Luiza.
O lucro do Magalu é atribuído à frente de marketplace. As vendas de itens third party (3P) tiveram um aumento de 25% nas vendas, que somou R$ 4,4 bilhões. Nos últimos doze meses, a companhia ganhou 87 mil novos sellers na plataforma, que agora soma 323 mil vendedores.
Por outro lado, as s vendas do próprio e-commerce da varejista (1P) registrassem queda de 4,3% para R$ 6,4 bilhões movimentados durante o terceiro trimestre.
O Ebitda somou R$ 970,9 milhões no terceiro trimestre ante R$ 459,5 milhões na comparação anual.
Na operação física, a Magazine Luiza reportou uma diminuição no seu parque de lojas. Foram fechadas 127 unidades, fazendo a companhia somar 1.303 pontos físicos. “O número de lojas físicas tem se mantido estável”, diz Rodrigues. “Não estamos abrindo novas lojas físicas porque a prioridade é investir nos canais com maior potencial de crescimento no futuro.”
Ainda que não sejam a prioridade, as lojas físicas têm uma função importante na expansão da operação do Magalu justamente em sua maior aposta: os marketplaces. “São lojas que tem um papel maior do que apenas vender produtos”, diz Rodrigues, que lembrou que parte das vendas das lojas físicas ocorrem
Segundo a empresa, cerca de 80% dos investimentos em tecnologia e logística estão voltados para os marketplaces. “É o canal mais rentável, o que mais cresce e o que tem potencial para ser o maior da companhia no futuro”, diz o executivo, que lembrou que os pontos físicos servem de apoio ao e-commerce.
Avaliada em R$ 11,5 bilhões, a varejista viu o valor de suas ações disparar mais de 20% nos últimos dias impulsionada pela perspectiva de bons resultados no terceiro trimestre. No ano, a companhia acumula queda de 33% no valor dos papéis. Nesta segunda-feira, 13 de novembro, a empresa terminou o pregão com queda de 3,9%, cotada a R$ 1,72. No ano, o papel recua 36,9%. Em 12 meses, a queda é de 50%.
Denúncia anônima improcedente
Na divulgação dos resultados do terceiro trimestre, o Magazine Luiza também trouxe esclarecimentos em relação à denúncia anônima recebida pela companhia sobre possíveis irregularidades financeiras junto a fornecedores da empresa. Em março, a empresa divulgou em fato relevante que havia iniciado uma investigação interna.
No balanço do terceiro trimestre, o Magalu informou que a apuração conduzida pela empresa, pelo escritório Tozzini Freire Advogados e pela consultoria PwC, concluiu que a denúncia foi improcedente.
A empresa, contudo, identificou erros em seus lançamentos contábeis relacionados às bonificações pagas em determinadas transações comerciais. Os números foram corrigidos e resultaram em um ajuste no patrimônio líquido da companhia de R$ 830 milhões, líquido de impostos e sem impacto no fluxo de caixa.
“As bonificações eram lançadas mediante a emissão de nota de débito e sem necessariamente observar o cumprimento de todas as obrigações de desempenho”, diz Rodrigues. “Houve uma antecipação dessas bonificações. Em função dos erros, estamos reapresentando as demonstrações financeiras do ano passado e de 2023.”