Em 1953, a cidade de Brasília era apenas um sonho distante, a seleção brasileira de futebol jamais havia vencido uma Copa do Mundo e os aparelhos de televisão sequer transmitiam imagens coloridas.
Naquele ano, um Brasil muito diferente do atual via nascer em Anápolis (GO) uma empresa que, ao longo de sua história, teve papel decisivo na transformação do país.
Fundada há exatos 70 anos por José Batista Sobrinho, o “Zé Mineiro”, a Casa de Carnes Mineira foi o ponto de partida para o surgimento da JBS, que se consolidou ao longo do tempo como uma das maiores companhias de alimentos do mundo.
Os números falam por si só (veja infográfico) A JBS está presente em mais de 20 países e conta com um time formado por 270 mil colaboradores espalhados por todos os continentes. Para efeito de comparação, o número equivale à metade da população de Lisboa, a capital de Portugal.
Marcas históricas também foram conquistadas no âmbito doméstico. Segundo estudo inédito produzido pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) em parceria com o Núcleo de Economia Regional e Urbana da Universidade de São Paulo (Nereus), a JBS é a maior empregadora do país.
São atualmente 152 mil colaboradores que trabalham em unidades de produção localizadas em 130 municípios, a maior parte deles no interior do país – a JBS, portanto, gera riqueza em todo o território nacional.
O estudo da Fipe, que analisou dados do biênio 2020-2021, também mediu o impacto econômico direto da atividade empresarial da JBS. Além de responder por 2,7% dos empregos do país, a empresa movimenta o equivalente a 2,1% do PIB nacional.
Para chegar a esses dados, os pesquisadores consideraram o efeito inicial (a partir das unidades da empresa), o efeito direto (relacionado aos fornecedores de insumos), o indireto (impacto ao longo de toda a cadeia de suprimentos) e o chamado efeito renda (indução da atividade econômica). Trata-se, portanto, de um dos estudos desse tipo mais abrangentes já feitos no país. Como uma pequena empresa fundada em Anápolis há 70 anos conseguiu ir tão longe?
“Para conquistar o que se almeja, é preciso ter determinação, disciplina e constância”, diz José Batista Sobrinho, fundador da JBS. “Sempre me dediquei ao máximo para entregar os melhores resultados para os clientes e é esse o legado que quero deixar.”
A julgar pelo que a JBS planeja para o futuro, os ensinamentos de fundador da empresa serão levados adiante. Neste ano, por exemplo, a companhia inaugurou duas novas unidades fabris, em Rolândia (PR), ocupando um terreno de 257 mil metros quadrados, com 54 mil de área construída, e empregando 4.500 colaboradores.
Elas fazem parte do plano de investimentos anunciado em 2019, no valor de R$ 8 bilhões. As unidades automatizadas estão entre as mais modernas da empresa no país e terão missão essencial em sua estratégia de negócios.
O complexo industrial permitirá à Seara, uma das principais marcas da empresa, ampliar a produção de itens de valor agregado, especialmente no segmento de empanados de frango e salsichas. No mundo, principalmente nos Estados Unidos e Europa, a JBS também vem fortalecendo a atuação nesse segmento.
A estratégia está expressa na aquisição das marcas Sunnyvalley, Pilgrim’s Food Masters e King’s Group e na construção de uma fábrica de especialidades italianas em Missouri, nos Estados Unidos.
“Somos a prova viva de que nada é impossível”, diz Joesley Batista, filho de José Batista Sobrinho. “O que faz a diferença não é o ativo material, mas o capital humano”, acrescenta seu irmão, Wesley Batista.
Ambos foram responsáveis pela criação da marca JBS, em 2007, uma homenagem ao fundador José Batista Sobrinho. Naquele ano, também lideraram a abertura de capital da empresa na Bolsa de Valores de São Paulo, no maior IPO já registrado no Brasil até então.
No último dia 21 de novembro, a JBS assinou o protocolo de intenção para adquirir a unidade de processamento de suínos da Cooperativa Languiru, em Poço das Antas (RS). Pelo acordo, firmado na sede do governo do estado do Rio Grande do Sul, a companhia pagará R$ 80 milhões pelo ativo e manterá os 400 empregos gerados pela operação com capacidade de processamento diário de 1.200 suínos.
Os investimentos previstos estão em torno de R$ 120 milhões nos próximos cinco anos para reestruturação da planta e aquisição de novos equipamentos para a unidade, atualmente paralisada. Seis municípios no entorno devem ser beneficiados.
Em San Sebastián, na Espanha, a JBS iniciou a construção da maior fábrica de proteína bovina cultivada do mundo, com investimento de US$ 41 milhões
No campo ambiental, a empresa vem usando a tecnologia como aliada no combate ao desmatamento. Recentemente, lançou o programa Escritórios Verdes 2.0, que consiste em oferecer tecnologias para que pequenos criadores aumentem a produtividade de forma sustentável.
Entre outras atribuições, os Escritórios Verdes mantidos pela empresa dão assessoria técnica gratuita a quem precisa de regularização ambiental – seja fornecedor direto ou não da JBS.
Desde que foi lançada, em 2021, a iniciativa já apoiou a regularização socioambiental de mais de 7 mil fazendas. Além disso, foram atendidos 19 mil produtores rurais e
cerca de 2,6 milhões de cabeças puderam retornar à cadeia formal de fornecimento.
A companhia também busca estar na vanguarda nas iniciativas que tratam da intersecção dos alimentos com a tecnologia. Em San Sebastián, na Espanha, iniciou a construção da maior fábrica de proteína bovina cultivada do mundo, com investimento de US$ 41 milhões.
A primeira planta industrial em escala comercial da BioTech Foods está prevista para ser concluída em meados de 2024. A JBS é a acionista majoritária da empresa espanhola, líder europeia no setor de proteína cultivada, com uma participação de 51%.
No Brasil, a JBS Biotech Innovation Center, primeiro Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em proteína cultivada do país, em Florianópolis, também tem inauguração prevista para o próximo ano e abrirá caminho para a criação de uma rede de colaboração com instituições científicas e universidades públicas e privadas para acelerar o avanço da indústria nacional no setor.
Aos 70 anos, a JBS nunca esteve tão ativa. “Estou muito otimista em relação ao futuro da empresa”, diz Gilberto Tomazoni, CEO global da JBS.