Executivos que ocupam cargos no conselho de administração da Tesla estão correndo atrás dos acionistas da empresa. No próximo mês, a companhia passará por um momento crítico quando irá decidir se o fundador e CEO Elon Musk deverá receber um pacote de stock options de US$ 46 bilhões.
Essa é mais uma tentativa de Musk neste ano para colocar as mãos no dinheiro. A briga vem desde 2018, quando os investidores rejeitaram o pedido de Musk. Na época, a companhia ainda estava avaliada em cerca de US$ 50 bilhões e era um negócio que queimava caixa.
Para garantir o pacote de ações, Musk teria que multiplicar o valor da Tesla por 10 em um período de cinco anos e precisaria bater outras metas operacionais. Se não conseguisse fazer isso, perderia o direito ao pacote bilionário. Entre os principais acionistas, a BlackRock aprovou o pacote. A Vangard, não.
Mesmo assim, Musk obteve a maioria dos votos. O problema é que, em janeiro desse ano, uma decisão judicial em Delaware invalidou o pagamento do pacote de ações que estava avaliado em US$ 55,8 bilhões. O pacote foi considerado alto demais e até injusto pelo tribunal.
Agora, Musk tenta correr atrás dos acionistas para convencê-los a aprovar novamente o pacote na votação que vai ocorrer em 13 de junho. O valor do pacote diminuiu em relação ao pedido ocorrido em janeiro porque as ações da Tesla caíram mais de 30% desde o começo do ano.
Mas não vai bastar correr atrás das grandes gestoras que controlam percentuais consideráveis das ações da Tesla. O conselho precisa convencer também os investidores individuais, que atualmente detém cerca de 30% dos direitos de voto na companhia.
O desafio é convencer não apenas os acionistas a votarem de forma positiva, mas também a participarem da votação. Musk precisa obter uma maioria de todos os votos (contabilizados ou não) para conseguir a aprovação.
Se tiver sucesso, o conselho da Tesla acredita que uma nova votação positiva poderá sanar qualquer preocupação do tribunal de Delaware. Ainda assim, a Tesla pretende colocar em votação a transferência da incorporação da empresa de Delaware para o Texas. Se isso acontecer, as novas decisões serão julgadas em uma nova corte.
Diferentemente de 2018, agora pesa a favor de Musk o fato de que a Tesla multiplicou por mais de 10 vezes o seu valor de mercado, estando avaliada atualmente em US$ 554,3 bilhões. Nesse período, a companhia também virou a chave e passou a dar lucro.
O que joga contra o bilionário é justamente o fato de que as ações da empresa estão em queda nos últimos meses e o lucro também apresentou piora nos últimos balanços. No primeiro trimestre, os ganhos somaram US$ 1,1 bilhão, queda de 55% ante o mesmo período registrado no ano passado.
Segundo o The Wall Street Journal, há uma preocupação entre os votantes da Tesla de que Musk poderá deixar a companhia caso não receba o pacote de ações. Esse temor teria impulsionado a queda no valor dos papéis da empresa nos últimos meses.
Os acionistas também estão preocupados com o fato de que Musk tem dividido sua atenção entre a montadora e seus outros negócios. Em especial, a empresa de exploração espacial SpaceX e a rede social X (antigo Twitter). A xAI, sua startup de inteligência artificial, também tem demandado sua atenção nos últimos meses.
No ano passado, uma carta aberta assinada por um grupo de 17 investidores que na época detinham mais de US$ 1,5 bilhão em ações da Tesla pedia que o board da empresa controlasse Musk. A carta afirmava que o CEO estava distraído demais com suas outras empresas.