O banco digital Revolut se tornou a startup mais valiosa da Europa, avaliado em US$ 33 bilhões, com a derrocada da sueca Klarna, que viu seu valuation despencar de US$ 45 bilhões para pouco mais de US$ 6 bilhões, se tornando um dos símbolos do que ficou conhecido o inverno das startups.
Agora, o Revolut está se consolidando nessa posição, com um aumento de 36% em seu valuation. O banco digital britânico colocou à venda até US$ 500 milhões em ações para seus colaboradores, elevando o seu valor de mercado para US$ 45 bilhões, de acordo com o jornal inglês Financial Times (FT).
Com a venda, a Revolut afirma estar “comprometida em permitir que seus funcionários compartilhem o sucesso da empresa ao torná-los acionistas, além de oferecer oportunidades regulares para a venda de ações”. A empresa afirmou que colaboradores que tiverem mais de um ano de casa poderão vender 20% de suas opções de ações a um preço de US$ 865,42 por papel.
Com 45 milhões de clientes em 40 países, a Revolut recebeu sua licença bancária no Reino Unido apenas na última semana, após três anos de tentativas junto aos órgãos reguladores.
Normalmente, esse processo leva um ano, de acordo com as orientações regulatórias, mas o pedido da Revolut foi atrasado por uma série de contratempos, incluindo a saída de executivos seniores, problemas contábeis e preocupações sobre sua estrutura de propriedade.
Para acelerar o processo, a Revolut contratou Francesca Carlesi, ex-executiva do banco alemão Deutsche Bank, para liderar seus negócios no Reino Unido. A nomeação foi vista de forma positiva pelo mercado, que vê Carlesi como uma alternativa para melhorar a cultura do banco e a criar novos processos de aprovação para cada recurso que a Revolut pretende lançar.
Na visão dos especialistas consultados pelo FT, a aprovação abre o caminho para a Revolut desafiar os maiores bancos domésticos britânicos e também permite que a instituição ofereça serviços bancários completos, incluindo hipotecas. No momento, a prioridade da empresa no Reino Unido será atrair mais depósitos, o que ajudará a financiar empréstimos aos clientes.
A Revolut espera também acelerar seus esforços para ganhar participação de mercado dos bancos tradicionais do Reino Unido. Edward Firth, analista da Keefe, Bruyette & Woods, afirmou que a fintech será uma ameaça para outros bancos digitais, já que os clientes podem facilmente ser atraídos por melhores taxas de juros e ofertas de cashback. “Eu assumo que eles agora começarão a competir”, disse ele.
Operação no Brasil
A fintech desembarcou no Brasil em maio de 2023, há pouco mais de um ano, com a expectativa de provar que seu negócio pode crescer para diversos mercados. Para isso, a empresa começou o processo pelo fim, abrindo espaço para serviços voltados ao exterior antes de focar em suas contas locais.
O maior desafio do banco, que já captou US$ 1,7 bilhão com gigantes como SoftBank, TCV, DST Global e outras gestoras, é se impor no mercado nacional sem ter de queimar caixa de forma acelerada e sem a necessidade de novas injeções de capital. Até o momento, a Revolut não precisou recorrer ao mercado de capitais em busca de mais dinheiro.
Outro desafio é se tornar conhecido e adorado. No longo prazo, a fintech quer ter entre 10 milhões e 20 milhões de clientes no Brasil. Por aqui, o banco recebeu a liberação do Banco Central para operar como Sociedade de Crédito Direto no fim de 2023. Com isso, é possível apostar na operação nacional.