Ó, Culpador, louvado seja o poder que você dá aos outros. Millôr Fernandes já dizia: “cão que ladra não morde enquanto ladra”.
Todos nós conhecemos aquela pessoa que vive culpando os outros por tudo que não está dentro das expectativas e que se vangloria de todos os sucessos. É o Culpador Profissional, CP para os íntimos.
Dentro da série de liderança tóxica, este é um tipo farto, muito comum. O problema é que aonde quer que ele vá, é ele que está sempre presente. Daí entre coisas que dão certo e coisas que não dão certo, como é comum a todas as almas existentes, o Culpador vai tentando a própria glória pelos sucessos, e a culpa dos outros pelos fracassos.
Mais cedo ou mais tarde, a vida se encarrega de lembrar a esta pessoa que ela não é o centro do mundo. Mas enquanto isso, não há paz. Veja, não há paz para o Culpador, se bem me explico. Isso porque toda noite, quando vai para a cama, o Culpador leva seus culpados favoritos para dormir junto. Como a cama é pequena para tanta gente, todo mundo fica se revirando e a paz do sono vai embora. Difícil é conviver com a criatura no dia seguinte.
Droga! Calma, não estou me referindo as ilegais. Droga é o que a vida se transforma para o CP. Mesmo que pareça dar certo, isso é o que o professor de teologia Miroslav Volf classifica como um mau sucesso: “É possível termos sucesso nas nossas maiores aspirações e ao mesmo tempo fracassarmos como seres humanos”.
Como, além das drogas, é viciante colocar a culpa nos outros, chega uma hora em que ninguém mais acredita no discurso. Até porque quem não comete erros falsifica a perfeição. Uma mentira, duas mentiras, três mentiras, infinitas mentiras podem até parecer uma verdade, mas… Parafraseando Chico Buarque, o tempo passou na janela e só o Culpador não viu.
O atormentado vai descobrir que líder de valor aceita a culpa e dá o crédito, e líder sem valor fica com o credito e dá a culpa.
Agora, digamos que você seja o suposto culpado, ou seja, aquele a quem o Culpador Profissional atribui todos os problemas. Parabéns! Você é um sucesso, poderoso e protagonista. Além de dirigir o discurso do deselegante, você ainda está na mídia, dirigindo o futuro da área ou do negócio que o infeliz finge comandar.
Mesmo sendo o responsável pelo fracasso de uma figura tão ilustre, por favor, não mude, não reaja, deixe o tempo passar e siga em frente. Seja dono do seu destino. Lembra do filme “O Perfume de Mulher”? Lá o Coronel Frank Slade, personagem de Al Pacino, deixou um ensinamento brilhante: “Há dois tipos de pessoas, as que entram numa briga e as que fogem. As que fogem são as melhores”.
Seu tempo é muito raro e curto para dividir com os que não te respeitam. Mas é muito precioso e abundante para usar para seu próprio crescimento e aprendizado. Não à culpa, sim ao mérito, essa é sua missão. Ainda melhor se você souber dividir com os outros. Seja grato, pratique um novo olhar sobre a vida e as pessoas.
E dirija sua vida: diga não às drogas!
Leonel Andrade é mentor, palestrante e articulista do NeoFeed. Atuou por 40 anos no mundo corporativo, tendo sido por duas décadas CEO de empresas como Losango, Credicard, Smiles e CVC Corp. Foi também conselheiro de Vibra e Redecard, sempre reconhecido pela sua liderança, formação de times e desenvolvimento de executivos.