Em outubro de 2021, quando comprou 66 pontos comerciais de uma rede de hipermercados, o Assaí adicionou ao seu portfólio 230 mil metros quadrados de área locável integrada a esses ativos.

Os espaços, chamados de galerias comerciais, reúnem lojas de diversos segmentos e funcionam como um importante ponto de atração de clientela. Tratava-se de um negócio que poderia levar a uma saudável diversificação de receitas e aumentaria a rentabilidade das lojas.

Os números mostram que a decisão foi acertada. No primeiro semestre de 2024, as receitas provenientes das galerias comerciais do Assaí somaram R$ 52 milhões, o que representou um avanço de 18,2% em relação aos seis primeiros meses do ano passado.

“As galerias comerciais proporcionam uma experiência melhor de consumo e opções complementares ao que oferecemos nas lojas”, afirma Fernando Basílio, diretor de Expansão e Galerias Comerciais do Assaí. “É um segmento que já traz ótimos resultados e que tende a crescer mais nos próximos anos.”

A estratégia, de fato, faz sentido. Ao oferecer novas opções de produtos ou serviços, o Assaí naturalmente retém os clientes por mais tempo dentro de seus imóveis – levando-os, muitas vezes, a consumir mais.

Também destaca-se a possibilidade de atrair um público mais amplo. Fernando Basílio diz que os lojistas estão divididos em três grandes grupos: empresas de alimentação (restaurantes, fast-foods e lojas de produtos naturais), de cuidados pessoais (academias, perfumarias e lojas de cosméticos) e serviços diversos (lotéricas, pet shops, entre outros)

No primeiro semestre de 2024, as receitas provenientes das galerias comerciais do Assaí somaram R$ 52 milhões

“São parcerias importantes, porque diluímos as despesas de ocupação com o lojista que paga o aluguel”, diz Basílio. Ou seja, o Assaí não apenas diversifica as suas fontes de receita, mas reduz a proporção de custos fixos em relação às vendas. Na ponta do lápis, a iniciativa se reflete no aumento da rentabilidade.

Para o lojista, a vantagem está na possibilidade de se estabelecer pagando menos do que desembolsaria para ocupar um espaço em um shopping center tradicional – e ter acesso a um público potencial gigantesco: vale lembrar que o Assaí é a rede de varejo mais frequentada pelos brasileiros, segundo pesquisa Nielsen de 2023 (um em cada quatro domicílios do país compram na empresa).

Mensalmente, cerca de 38 milhões de pessoas passam pelas lojas do Assaí. “É, portanto, uma clássica operação ganha-ganha”, resume Basílio. A Companhia possui quase 300 lojas em operação no Brasil. Dessas, 103 abrigam galerias comerciais, mas o número deverá crescer nos próximos meses.

A meta é levar o projeto não apenas para as lojas já existentes, mas também para aquelas que ainda serão inauguradas. Uma delas será no Guarujá, no litoral paulista, com espaço para mais de 20 lojistas e previsão de inauguração até o final deste ano.

Entres as lojas com galerias comerciais emblemáticas estão Anchieta Paulicéia, em São Bernardo do Campo; Anhanguera, na capital Paulista; Minas Shopping, em Belo Horizonte; Boulevard, no Rio de Janeiro; Paralela, em Salvador; e Asa Norte, em Brasília, entre outras.

74% dos espaços destinados para aluguel são preenchidos por lojistas de diversas áreas de negócios

As galerias estão em diversas regiões do país: 30% delas ficam no estado de São Paulo, 39,5% ficam divididas entre o Norte e Nordeste; e as 30,5% restantes funcionam nos demais estados do Sudeste e no Paraná.

Seu índice de ocupação é alto, com 74% dos espaços destinados para aluguel preenchidos por lojistas de diversas áreas de negócios.

Com os resultados positivos obtidos até aqui, a meta agora é expandir o projeto para todos os 24 estados brasileiros, além do Distrito Federal.

Apesar do sucesso da iniciativa, Fernando Basílio reforça que o objetivo principal do negócio, claro, é o atacarejo. “Não queremos ser shopping center”, diz.

Ele ressalta que nem todas as unidades têm vocação para receber as galerias comerciais. “Escolhemos aquelas lojas em que é possível manter a nossa operação confortável e oferecer áreas interessantes para os lojistas”, afirma.

O crescimento das galerias comerciais está em sintonia com o próprio processo de transformação do atacarejo. Hoje em dia, as pessoas físicas respondem por 55% da movimentação das lojas do Assaí, superando as jurídicas.

É justamente esse cliente final que usufrui das comodidades trazidas pelas galerias comerciais. Isso explica, portanto, porque o movimento ganhou tração – e aponta para novos avanços nos próximos anos.