Em processo de reconstrução desde o baque sofrido na pandemia, o Bradesco apresentou na quinta-feira, 31 de outubro, os resultados do terceiro trimestre. Os números vieram em linha com o esperado pelo mercado e dão fôlego à estratégia conduzida por Marcelo Noronha desde que assumiu o comando da instituição financeira, com a recuperação ocorrendo em um ritmo cadenciado.
O banco fechou o período de julho a setembro de 2024 com um lucro líquido recorrente de R$ 5,2 bilhões, um aumento de 13,1% em relação ao mesmo intervalo do ano passado e de 10,8% ante o trimestre anterior. O resultado ficou acima da mediana das expectativas dos analistas, que apontava para um ganho de R$ 5,1 bilhões, segundo a Bloomberg.
O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) atingiu 12,4%, alta de 1 ponto percentual em relação ao segundo trimestre e de 1,1 ponto percentual em comparação com o terceiro trimestre de 2023.
“Como nós falamos desde o começo, [a recuperação] é step by step, sempre entregando mais e melhor”, disse o CEO do Bradesco em entrevista coletiva. “Nossa rentabilidade está crescendo com solidez e segurança.”
Nesse sentido, Noronha destacou que o banco não pretende se lançar em operações de alto risco na parte de crédito, afirmando que o Bradesco está com um “mix bem saudável” de risco, focado em linhas mais seguras de crédito, como crédito com garantia, e na busca de públicos com rating maior.
Segundo ele, isso tem permitido um crescimento da carteira de crédito com queda das despesas com provisões e inadimplência.
No terceiro trimestre, a carteira de crédito expandida do Bradesco somou R$ 943,9 bilhões, alta de 7,6% em relação ao terceiro trimestre de 2023 e de 3,5% comparado ao segundo trimestre deste ano. A margem financeira total somou R$ 16 bilhões, um aumento de 0,95% em base anual e de 2,7% na trimestral.
As despesas com provisões para devedores duvidosos (PDD) expandida caiu 2,2% em base trimestral e 22,4% na anual, para R$ 7,1 bilhões. A inadimplência acima de 90 dias recuou 0,1 ponto percentual ante o segundo trimestre e 1,4 ponto percentual na comparação anual, para 4,2%.
“Estamos conseguindo trazer retornos muito bons com spreads menores, com segurança de portfólio grande, que pereniza a margem [financeira]”, diz.
A expectativa é de que esta estratégia de retorno ajustado ao risco baseado em linhas mais seguras ajude a blindar o Bradesco em meio à deterioração do cenário macroeconômico com a previsão de alta da Selic, com a manutenção do ritmo de retomada.
“Estamos muito seguros e continuo otimista com aquilo que vamos entregar”, afirmou. “É melhor fazer menos margem financeira e chamar menos provisão.”
Dentro desta estratégia, um dos pontos é incentivar a principalidade na maior parte dos clientes. Neste sentido, o Bradesco está lançando hoje o novo segmento para clientes de alta renda, um plano que vem desde o começo do ano, com a criação da vice-presidência de wealth management.
Para Noronha, esta estratégia para crédito, mais as transformações estruturais na instituição, devem ajudar a recuperar o ROAE, um dos mais baixos no mercado bancário, destacando que não há uma promessa específica de chegar num determinado patamar.
“A gente vem entregando com consistência o que falamos”, disse. “Esperamos entregar retornos melhores trimestre a trimestre e essa estratégia é consistente, com crescimento constante.”
Por volta de 11h45, as ações preferenciais do Bradesco (BBDC4) recuavam 2,66%, a R$ 14,63. No ano, elas acumulam queda de 12,7%, levando o valor de mercado a R$ 146,1 bilhões.