A gestora BlueLine anunciou na terça-feira, 10, o encerramento de suas atividades. Fundada há cinco anos por Giovani Silva, ex-head de gestão de risco do J.P. Morgan, e Fábio Akira, ex-economista-chefe do banco no Brasil, a casa ganhou notoriedade ao receber R$ 200 milhões do Itaú em 2021. O aporte veio por meio do programa Rising Stars, iniciativa do banco para fomentar gestoras independentes com alto potencial de crescimento.
Com foco em tendências macroeconômicas, o BlueLine Alpha, principal fundo da casa, teve um início promissor, superando o CDI em seus dois primeiros anos. No entanto, a gestora enfrentou dificuldades para lidar com a crescente volatilidade econômica e geopolítica dos últimos anos. Como muitos fundos multimercados, a performance acabou ficando abaixo do benchmark.
Até o fim de novembro, o BlueLine Alpha acumulava um retorno de 45% desde o início, correspondente a 82% do CDI. Em 2024, o desempenho foi de 3,53%, representando apenas 33% do benchmark.
O encerramento da BlueLine acontece em um contexto desafiador para os multimercados, que têm perdido terreno para títulos de renda fixa beneficiados por taxas de juros elevadas e, muitos deles, pela isenção de impostos. Nos últimos três anos, a classe sofreu resgates acumulados de R$ 591 bilhões, sendo mais da metade somente desde janeiro.
Em carta aos investidores, a gestora explicou que a decisão foi tomada após uma “análise criteriosa do cenário econômico e das condições de mercado”. Também foram mencionados na carta os desafios estratégicos e conjunturais enfrentados nos últimos anos. Entre os fatores que pesaram para o fechamento do fundo estão as altas de juros pelo Banco Central, que devem ser intensificadas nesta semana, apurou o Neofeed.
Desde 2021, quando atingiu o pico de cotistas, a BlueLine viu sua base de investidores encolher 71%, chegando a apenas 178 cotistas no fim de novembro. O volume sob gestão também sofreu uma redução drástica, caindo de quase R$ 500 milhões no início de 2023 para cerca de R$ 300 milhões, segundo dados do Mais Retorno. O valor ainda considera os investimentos do Itaú.
A gestora informou que o processo de liquidação dos ativos será conduzido de maneira “meticulosa e ética, assegurando total transparência”. A expectativa é de que todo o procedimento seja concluído até o início de 2025.
Procurado, o Itaú não quis se pronunciar.