Brasília - Mesmo garantido no cargo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é um dos mais atentos ao xadrez ainda em montagem do presidente Lula na Esplanada. As combinações previstas até aqui na reforma ministerial são vistas com preocupação por aliados do comandante da economia, pois tendem a enfraquecê-lo nas disputas internas do governo.

A ida de Gleisi Hoffmann para a Secretaria Geral da Presidência da República pode fazer coro a um antagonista de Haddad na Esplanada, o ministro da Casa Civil, Rui Costa. As divergências estão relacionadas principalmente às políticas mais restritivas de Haddad em questões orçamentárias, como os planos Safra e de Aceleração do Crescimento.

Gleisi deve ocupar a cadeira de outro petista, Márcio Macedo (PT-S). Entre os governistas, duas eventuais mudanças, mesmo que periféricas, podem levar o time ministerial contrário à política de Haddad aumentar. Nos bolões de apostas, dois outros ministros mais moderados podem cair: Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Social).

Expectativa

A depender de eventuais novos perfis dos ministros, Haddad pode ter dificuldades. Outros dois personagens que devem criar marolas para o ministro da Fazenda são o novo líder da bancada do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ) - namorado de Gleisi - e a secretária de finanças do partido, Gleide Andrade, que deve deixar o cargo na legenda para ocupar uma função no primeiro-escalão na Esplanada, como secretária-executiva de uma das pastas.

A expectativa é a de que Lula anuncie os primeiros nomes da reforma nos próximos dias. A primeira troca será na Saúde. Alexandre Padilha, atual secretário de Relações Institucionais, deve ir para o lugar de Nísia Trindade.

O núcleo duro do Palácio do Planalto assim ficaria sem um dos principais defensores de Haddad, que perderia menos se para a vaga de Padilha fosse convocado o senador Jaques Wagner (PT-BA), um aliado de primeira hora do ministro da Fazenda. Outro cotado para a cadeira é o deputado José Guimarães (PT-CE), que é visto como um nome mais neutro neste caso.

Na disputa de poder, há uma leitura paralela, entretanto. Um cálculo que Lula teria feito ao pensar na ida de Gleisi para a Esplanada. Deixá-la mais amarrada quando o assunto é a crítica direta a Haddad. Esse papel sobraria para Lindbergh, que, em última análise, faria discursos na Câmara, um pouco mais distante do Planalto.