Em 28 de abril de 1925, a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas foi inaugurada em Paris. Foi um evento marcante na evolução da arte, arquitetura e design, e despertou grande interesse tanto pelas obras expostas quanto por seu impacto.
Na Espanha do período entre guerras, foi o evento mais amplamente divulgado em revistas de arquitetura, coincidindo com uma mudança no foco dessas publicações para design de interiores e mobiliário.
A exposição tem sido fonte de interesse e inspiração desde a Segunda Guerra Mundial, e a abundância de obras publicadas sobre ela é um testemunho de sua contínua importância. Marcou um ponto de virada na concepção estética do período, que deliberadamente buscou se distanciar do historicismo e enfatizar originalidade e novidade tanto nas criações artísticas quanto industriais.
O longo processo de gestação da Exposição de Paris gerou grande expectativa. Em 1911, René Guilleré, presidente da Société des Artistes Décorateurs, propôs um evento internacional que reafirmaria a supremacia francesa no design, especialmente diante da concorrência alemã.
Aprovada em 1912, sua celebração estava originalmente programada para 1915. No entanto, foi adiada pela Primeira Guerra Mundial e só ocorreu em 1925. Durante esse período, a exposição foi amplamente divulgada na imprensa e em revistas especializadas, criando a oportunidade de produzir um novo estilo.
A ideia de inovação foi refletida nas diretrizes da exposição, que exigiam obras inéditas e excluíam qualquer reprodução de estilos históricos. Seu quarto artigo expressamente declarava que somente obras de "nova inspiração e originalidade real" seriam aceitas, proibindo cópias e imitações do passado.
Embora visasse incentivar uma nova linguagem estética em consonância com as mudanças sociais e tecnológicas, essa diretriz gerou debate sobre a interpretação do "moderno". A falta de critérios claros levou a decisões arbitrárias.
A exposição tornou-se, portanto, um cenário de tensão entre designers que abraçaram a vanguarda radical e aqueles que, sem renunciar à modernidade, mantiveram certos vínculos com os estilos tradicionais.
Duas visões de modernidade
Para arquitetos e designers mais conservadores, a exposição representou o auge de um estilo que vinha sendo desenvolvido desde o início do século XX.
Foi fundamental na disseminação internacional do "estilo 1925", como era conhecido na época. Foi apenas em 1966, na exposição retrospectiva "Les Années 25", realizada no Musée des Arts Décoratifs em Paris, que esse estilo ficou conhecido como Art Déco.
A maioria dos pavilhões franceses e de outros países europeus interpretou a modernidade como uma expressão do estilo da época, frequentemente fundido com elementos locais. O pavilhão espanhol foi um excelente exemplo: projetado por Pascual Bravo, inspirava-se claramente nos estilos tradicionais da Andaluzia.
Embora a exposição excluísse estilos históricos, a arte popular – junto com uma série de outras referências como exotismo, cubismo, neoclassicismo francês e maquinário – foi incorporada em muitos projetos. Isso demonstrou a diversidade de abordagens dentro do Art Déco, onde predominavam a decoração em baixo-relevo e os motivos geométricos.
Contudo, os vanguardistas consideravam que a exposição reforçava uma abordagem decorativa muito distante da verdadeira modernidade. O arquiteto belga Auguste Perret, por exemplo, afirmava que a verdadeira arte não exigia decoração.
Por sua vez, o livro "L'Art décoratif d'aujourd'hui" (A Arte Decorativa de Hoje) do arquiteto suíço Le Corbusier criticava a noção de uma "arte decorativa moderna" e afirmava que a verdadeira modernidade não deveria incluir ornamentação – uma ideia que o austríaco Adolf Loos já havia proposto anos antes.
De fato, o pavilhão L'Esprit Nouveau projetado por Le Corbusier contrastava com o estilo Art Déco predominante na exposição, assim como o pavilhão soviético de Konstantin Melnikov e a cantina dos trabalhadores de Aleksandr Rodchenko. Essas obras chocaram o público e os críticos ao apresentar uma visão radicalmente diferente de modernidade.
Um legado de 100 anos
Cem anos após sua inauguração, a Exposição de Paris continua sendo um marco na história do design. Seu impacto transcendeu o puramente estético e consolidou o Art Déco como um dos grandes estilos decorativos do século. Também serviu como palco para o surgimento do Movimento Moderno, cujas ideias racionalistas transformariam o design do futuro.
Exemplos posteriores da influência do Deco incluíram o Chrysler Building, o Empire State Building e cadeiras projetadas por Jacques Émile Ruhlmann, enquanto o design Moderno nos deu as linhas limpas da Villa Savoye, o edifício Bauhaus em Dessau e móveis de Le Corbusier, Pierre Jeanneret e Charlotte Perriand.
A coexistência dessas duas visões na exposição destacou um debate fundamental que ainda ressoa hoje: o equilíbrio entre tradição e inovação no design. Além de seu papel na definição de estilos, a exposição levantou questões fundamentais sobre a relação entre arte e indústria, a função do ornamento e a necessidade de conectar o design às demandas sociais. Essas tensões ainda são relevantes hoje, onde persistem os desafios de combinar criatividade e produção industrial.
A exposição de 1925, portanto, não foi apenas uma vitrine para a mudança estética de sua época, mas um momento crucial que continua a inspirar o design contemporâneo. Seu legado nos convida a refletir sobre a natureza da modernidade e como ela evolui ao longo do tempo.
* Maria Villanueva Fernández é professora da licenciatura em design e da licenciatura em estudos arquitetônicos da ETSAUN e do Programa Internacional de comunicação de moda da FCOM na Universidade de Navarra
* Héctor Garcia-Diego Villarias é professor de projetos e teoria da arquitetura na Universidade de Navarra
Este artigo foi publicado originalmente no The Conversation.