Depois de um ciclo de quatro anos consolidando o mercado de cemitérios e serviços funerários pelo País, o Grupo Zelo planeja realizar o maior investimento de sua história para acelerar a captura de sinergias e melhorar os serviços do portfólio, ao qual agregou mais de 55 ativos.

A companhia mineira, que conta com a Crescera Capital como sócia, pretende investir até o fim do ano mais de R$ 35 milhões na expansão e em medidas de eficiência para as suas operações, mas com o olho aberto para novas oportunidades de M&As.

“Nós enxergamos muita possibilidade de investimentos nas próprias estruturas que adquirimos e que montamos”, diz Lucas Provenza, CEO do Zelo, ao NeoFeed. “Estamos apostando muito em olhar para dentro nos últimos anos, e essas oportunidades que a gente identificou vão poder trazer benefícios aos clientes.”

O valor representa um aumento de 50% em relação ao aportado no ano passado, com os recursos vindo basicamente com o caixa da empresa, que no ano passado ganhou um reforço de R$ 130 milhões com a emissão de certificados de recebíveis.

O Zelo pretende utilizar boa parte dos recursos para expandir sua capacidade atual, de olho na melhoria de serviços. O plano envolve reformar mais de 100 unidades, grande parte delas no Centro Oeste e no Nordeste, além de dar início a novos projetos, e construir crematórios em regiões que não contam com o serviço.

A empresa conta com 280 unidades em 204 cidades pelo País, tendo ganho licitações para administrar os cemitérios e serviços funerários em diversos municípios – em São Paulo, o Zelo é parte do consórcio Consolare, que em 2022 pagou R$ 155 milhões para administrar seis cemitérios da capital paulista por 25 anos.

“Algumas cidades que visitamos não tinham infraestrutura adequada para atender os clientes”, diz Provenza. “Queremos dar um olhar especial para essas regiões.”

O Zelo também pretende utilizar os recursos para investimentos em tecnologia, especialmente para o aplicativo de seu programa de benefícios, que conta com desconto em farmácias e conta de luz. O aplicativo conta com mais de 30 mil usuários únicos por mês. Já nos planos funerários, uma das principais frentes de receita, a empresa registra 4,2 milhões de vidas cobertas, um aumento de quase 5% em relação a 2023.

Essa estratégia de olhar para dentro não é de hoje e tem ajudado o Zelo em seus resultados. Provenza destaca que as medidas de melhoria de eficiência fizeram com que a empresa registrasse, de forma orgânica, um crescimento de 12% na receita no ano passado, para R$ 661 milhões. O Ebitda somou R$ 138 milhões, avanço de 15% em relação ao ano anterior.

Em relação aos M&As, que foi motor de crescimento por anos, Provenza diz que a estratégia continua aberta, mas a empresa está concentrada em buscar operações maiores. Isso não quer dizer que ativos menores não sejam considerados, com o executivo afirmando que analisa quatro aquisições de pequeno porte.

“Esse tipo de M&As são o que a gente chama de programáticos, operações em áreas em que atuamos e que fazem sentido do ponto de vista de sinergia”, diz o CEO.

O cenário econômico adverso, com os juros em alta, fazem a Zelo adotar uma postura mais criteriosa na hora de fechar negócios. No caso de compras maiores, as conversas ganham um pouco mais de complexidade, demorando mais para serem fechadas.

Ainda assim, Provenza diz que a companhia está preparada, com recursos em caixa e pouco alavancada, para fechar uma aquisição. No orçamento para este ano estão separados R$ 80 milhões para aquisições.

“Ao invés de fazer operações menores como fizemos no passado, várias operações pequenas, temos olhado maiores, mas estamos esperando ter sinalização de melhora de mercado”, afirma Provenza. “A incerteza faz com que tenhamos um pouco mais de cautela na hora de fazer novos investimentos via M&A.”