O aumento no preço da carne brasileira e o ritmo lento de aceleração da indústria de restaurantes no Brasil devem afetar o resultado do grupo Arcos Dorados, maior franqueadora independente do McDonald’s no mundo e com atuação em 20 países da América Latina. A previsão é do banco BTG Pactual, que aponta para uma queda de 15% no Ebitda, em comparação ao mesmo período do ano passado. O lucro deve cair 22%.

“Esperamos um crescimento fraco de vendas nas mesmas lojas no Brasil, de 3,5%, abaixo da inflação (previsão de 5,2% para este ano) e preços mais altos da carne bovina, o que deve provocar uma contração de margem de 370 pontos-base no comparável no País”, diz relatório assinado pelos analistas Alvaro Garcia, Luiz Guanais e Jorge Izquierdo.

Segundo o Questionário Pré-Copom de março deste ano, a projeção para o aumento nos preços de carnes no Brasil em 2025 é de 9,6%, levando-se em conta o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

“Dado o grau de pressão acumulada no ano, começamos a nos perguntar até que ponto devemos nos preocupar com o perfil de margem de longo prazo no Brasil. Todos os sinais indicam que os preços da carne bovina devem continuar elevados até o final de 2025, o que limita a visibilidade de uma recuperação da Arcos Dorados no curto prazo”, diz o BTG.

A perspectiva, segundo os analistas do banco, é de que haja um início de recuperação nas lojas do McDonald's no Brasil apenas em 2026.

O câmbio também pesou para a dona das lojas do McDonald's. A companhia vem enfrentando pressões do impacto cambial nos principais países da América Latina. No Brasil, a desvalorização do real nos negócios da empresa alcançou 7%. O peso mexicano registrou recuo de 11%, comparando os períodos de cada ano, e, no caso da Argentina, a queda foi de 5%.

Pelo relatório do BTG, o Brasil deve perder receita na comparação com o segundo trimestre de 2024. Os analistas preveem faturamento de US$ 436 milhões nas lojas brasileiras, contra US$ 442 milhões registrados no mesmo período do ano passado, queda de 1,2%.

Em compensação, as outras divisões geográficas da Arcos Dorados devem crescer e sustentar a alta da empresa. No Norte da América Latina, as vendas de lanches devem resultar em faturamento de US$ 317 milhões, 2,3% acima do período de 2024. No Sul da América Latina e Caribe, o crescimento será mais expressivo, de 13,2%, com receita de US$ 406 milhões.

No total, o BTG espera que a companhia alcance US$ 1,16 bilhão no trimestre, alta de 4% sobre 2024. O Ebitda, no entanto, deve diminuir de US$ 119 milhões, no segundo trimestre de 2024, para US$ 101 milhões em 2025. O lucro também reduzirá de US$ 27 milhões para atuais US$ 21 milhões.

No Brasil, os resultados do primeiro trimestre já foram de queda. Segundo balanço da companhia, o País contribuiu com US$ 400,3 milhões na receita da empresa entre janeiro e março deste ano. O valor representa redução de 10,8% sobre os US$ 448,9 milhões registrados no mesmo período de 2024.

No consolidado da empresa, a receita alcançada nos primeiros três meses deste ano foi de US$ 1,07 bilhão, queda de 0,4% sobre o resultado do mesmo período no ano anterior. Em 2024, a receita alcançada pela Arcos Dorados foi de US$ 4,44 bilhões e a perspectiva do banco brasileiro é de que a companhia alcance US$ 4,75 bilhões ao fim de 2025

A empresa terminou o primeiro trimestre com 1.179 lojas no Brasil. O volume representa 48,3% das unidades da rede McDonald's do Arcos Dorados em todas as suas operações nos 20 países (2.439 lojas).

Na Bolsa dos Estados Unidos, o Arcos Dorados acumula desvalorização de 13,4% em 12 meses. Em 2025, o papel sobe 7,9%. A companhia está avaliada em US$ 1,6 bilhão.